Gritei, contudo, consegui abafar a tempo o som com as mãos.
Precisava me controlar. Passo pelos cadáveres descabeçados. Pego do telefone e
ponho-o no ouvido.
E nada. Apenas silêncio do outro lado. Ele deve ter cortado
a linha...
Droga.
Me agacho perto dos corpos sem cabeça e procuro nos bolsos
de seus jalecos brancos e em suas calças.Vou apalpando até que encontro um
celular , no bolso de um deles.
Discava: 1...9....
Preparava-me para discar o 0 quando, passos pesados
aproximaram-se.Os passos dele...
Rapidamente me escondo na reentrância do balcão.
Podia senti-lo perto, a respiração pesada e insana pronta
para atacar. Foi então, o celular que estava em minha mão decide tocar:
OOOOOOOLLLLLLLLLLLLLLLLÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉ!!!
O pior de tudo é que eu apertava os botões e nada de ele
desligar. Só desligou quando o joguei na parede a minha frente, espatifando-o.
A respiração do assassino, de súbito, parou. Desaparecera
como se ele tivesse evaporado no ar.
Não, ele não tinha
evaporado.
A prova viva disso era que o braço dele estava descendo pela
reentrância do balcão como se fosse uma cobra caçando sua vitima. Aquele braço
maligno procurava pelo dono do celular. E por pouco, ele não me pega, se eu não
tivesse me espremido contra a parede do balcão, estaria morta...
Porém, o que o impediu de me capturar fora outra coisa.
-EI O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO AÍ?—gritou uma voz masculina. O
meu desejo foi o de gritar, porém me contive. Se aquele psicopata soubesse que
eu estava ali, há poucos metros de distância dele, estaria ferrada.
Fiquei calada só ouvindo o que acontecia.
-EI, CARA O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AÍ?—berrou novamente o
homem.
Silêncio.
O psicopata não lhe respondia.
Passos pesados; o silêncio é quebrado.
-PARE AÍ!PARE!!SE NÃO
VOU ATIRAR...!!!—disse o homem que agora, eu sabia se tratar de um dos
seguranças do hospital.
Os passos avançavam. Então, como havia prometido o guarda
começa a atirar em direção do psicopata. Tive muita vontade gritar para ele que
aquilo não funcionária, mas a vontade veio e passou, pois imediatamente meu
extinto de sobrevivência agira dizendo para eu ficar de bico calado.
Os tiros atingiam em cheio a parede branca do hospital
fazendo com que pedaços de reboco caíssem. De repente, os tiros cessaram. A
munição da arma deveria ter acabado. Aquele ser do inferno não podia ser morto
tão facilmente.
Ele era inexorável.
Gatinhei um pouco
para fora do balcão, virei no corredor mais próximo, mas não sem antes de vê-lo,
o psicopata, erguer o guarda com apenas uma mão.
Asfixiava-o.
Pude ainda ouvi-lo soltar grunhidos agonizantes, grunhidos
de quem ia perdendo aos poucos a vida. Aquele monstro parecia uma criança
amassando nas mãos uma indefesa borboleta.
Respirei fundo, fechei os olhos, retomei o fôlego e corri.
Tinha que encontrar alguém!Ele não poderia ter matado todos.
Vou passando por um corredor de portas amarelas quais
pertenciam aos quartos dos pacientes. Cada qual possuía uma plaquinha
retangular com determinada numeração.
Vou abrindo uma a uma.
Encontrava apenas leitos vazios sob a meia luz da lua que
escorria pelas persianas. E mais nada. Nenhum sinal de pacientes.
Continuei a caminhar pelo longo corredor.
Para onde haviam ido os pacientes daquele hospital?
Ele teria os matado?
De repente, um frio correu toda a minha espinha. Aquilo não
era um bom sinal.
Não isso seria humanamente impossível...
Mas ele não era
humano...
Estava no final do corredor e faltava só mais uma porta para
eu checar. Puxei a maçaneta da porta e dessa vez encontrei alguém em seu leito.
Entro no quarto e vou à direção do volume que se formava na
cama.
--Alguém aí?—perguntei me aproximando da massa volumosa.
Sem resposta.
Um cadáver?
Antes que eu pudesse saber do que se tratava, sou atingida
na cabeça por algo que me apaga imediatamente.