quinta-feira, 2 de maio de 2013

CRÔNICAS DE UM VAMPIRO — PRÓLOGO

 

cronicas de um vampiro



 
O Último Encontro

 
Podia vê-la caminhando até mim com aqueles olhos grandes e castanhos, normais; porém, sedutores.
Trazia nos lábios vermelhos e saborosos um sorriso malicioso que nunca a tinha visto usar desde que eu a conhecera...
—Você não estava proibida de sair de casa? — digo enlaçando-a, logo após, em meus braços num forte aperto para depois beijar-lhe os lábios desdenhosos.
Havia algo de estranho...
Quando meus lábios tocaram o dela era como se eu estivesse beijando uma estátua fria e insensível. Uma bela estátua; mas, ainda assim uma estátua.
Paro de beijá-la imediatamente.
— O que é que você tem? — pergunto segurando-a pelos ombros — Você parece estranha...
— Sério? —disse ela sem se preocupar em esconder o tom de desdém que normalmente ela não usava— Normal...
— Tem certeza?
— Total...
Olhando bem para ela algo havia mudado. Não somente em seus atos. O visual que agora ela adotara estava diferente. Não era a Eva que eu me apaixonara.
Quero dizer... Sim, era ela; porém, ao mesmo tempo não o era.
O cabelo que normalmente ela deixava solto, caindo sobre o busto pálido como a lua, estava preso num rabo de cavalo muito bem amarrado, emprestando-lhe ao rosto redondo e alegre um tom sóbrio, rígido. As sombracelhas finas e delgadas entregavam a malícia existente que haviam possuído aqueles olhos...
— Gael posso perguntar uma coisa? —diz ela dobrando o pescoço como um passarinho curioso. — Como se mata um vampiro?
— Por que a pergunta? — rebato encarando-a.
Havia alguma coisa naquela situação toda que me fazia suspeitar, algo falso que ainda não tinha percebido...
—Ah... é que...é que... — tenta explicar virando o rosto para direita, na direção da lua nova. Apesar das mudanças ela continuava tão linda...
—Se eu contar você promete não me matar quando formos morar juntos? —brinco com uma piadinha um tanto infame. Ela sequer se dera ao trabalho de rir. —O único meio de me matar, seria através duma estaca de madeira, qual deveria ser fincada em meu peito; no coração...
Ela piscou os grandes olhos e convidou numa voz suave:
—Me beije...
E sem pensar duas vezes a beijo vorazmente. Nossas buscam umas as outras, buscando sensações nunca experimentadas antes.
Tive que conter meu instinto brutal e animalesco que queria crivar o dente naquele pescoço cheiroso...
O mundo não nos era mais importante. Éramos um só.
Bom. Pensava assim até que algo afundou em meu peito provocando uma dor aguda insuportável. Algo havia atravessado a pele sob meu peito, perfurando-o, indo em direção ao coração.
De repente, o ar me faltara.
Minha vista começou a embaralhar; via a minha frente uma duplicata de Eva.
O pior de tudo era que eu não conseguia acredita. Aquilo não era possível! Outra pessoa, só poderia ter sido!
Não ela; não ela!
— Por quê? —perguntei me dobrando de joelhos— Por que você fez isso?
— Gael, querido não te amo mais... — disse ela explodindo em risadas e afundando a estaca ainda mais em meu peito.
Dor da estaca dilacerando minhas entranhas uniu-se ao meu coração quebrado...
Aquela não poderia ser Eva...
Não podia...
Não acreditava...
Isso fora confirmado, momentos antes de eu cair de borco no chão.
Havia um colar que ela trazia no pescoço qual eu não notara antes...
Antes que eu pudesse reagir, minhas vistas foram se apagando como num teatro no final de um espetáculo quando se apagam as luzes, deixando os aplausos da plateia no escuro...
No meu caso não existiam aplausos...
 
CONTINUA

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