segunda-feira, 6 de maio de 2013

A TRAIÇÃO

raffael petter

Soltei um suspiro largo e encarei Julie. Tão bela, tão delicada, mas tão falsa...
Em breve, me livraria dela para sempre. No começo havia sido um caso. Meros amantes. Sexo casual, mas com o passar do tempo ela quis transformar aquela relação fútil e banal em algo mais serio, um compromisso. Quantas vezes ela não me perturbara a paciência com aquela voz de criança assustada, quer ela tinha,questionando quando eu deixaria a gorda da Amanda.
Eu mentia lógico. Dizia que logo mais. O que não passava dum pretexto para continuar transando com ela.
Estávamos nós dois sentados ali naquela, pequena mesa de toalha engomada branca em meu apartamento particular na Avenida Paulista.
Havia a chamado porque ela iria cometer o desvairo de ir ter com Amanda, certa vez que eu e Amanda saíamos dum cinema.
Por pouco ela não tinha avariado meus planos ou até mesmo os destruído de uma vez por todas apesar de Amanda ser uma anta e não enxergar um poste a sua frente.
— Então?Quanto você quer para me deixar em paz? —pergunto após ter bebido um pouco de café de minha xícara.
—Você sabe muito bem o que eu quero... —disse ela com uma voz esganiçada. Julie realmente estava acabada. A beleza daqueles olhos azuis era turvada pelas bolsas de olheiras salientes, os cabelos estavam soltos, desgrenhados como uma espécie de selvagem, como espécie de leoa...
—E você sabe muito bem que não posso romper com Amanda agora...
—Mas você disse...
—Eu sem muito bem que eu disse... —falo rispidamente. — Mas no momento não vai dar para eu romper com ela... Isto é, nem nos casamos ainda...
—E o nosso amor não conta? —quando ela disse isso pude sentir um bafo de álcool batendo em minha cara, me deixando nauseabunda por uns instantes. Ela deve ter bebido como sempre quando está nervosa. — Eu pensei que você gostasse de mim... —disse para depois cair em prantos.
Sentia-me dentro duma novela mexicana. O que ela queria?Aliás, o que uma mulher fácil como aquela esperava dum homem rico pertencente à alta elite paulistana como eu?Acho que ela pensou por breve, mas por um breve momento, que íamos nos casar...
Pobrezita...
—Quanto você quer? —pergunto frio.
—500 mil reais... —disse ela secando o muco e lágrimas que atravessavam seu rosto com os punhos. —Posso te perguntar uma coisa?
Aceno a cabeça.
—Você me amou?
— Você quer saber mesmo a verdade?
—Sim. Quero.
—Não, nunca te amei... O que tivemos fora uma espécie de fogo de palha sabe? —explicava a ela que me olhava com ódio. —Você foi apenas uma apaixonite passageira...
—Bom saber. Passo amanhã, para buscar o dinheiro. —disse ela secamente, levantando-se da mesa e batendo a porta com toda força.
***
Acordei na manhã seguinte, com tilintar da campanhia. Devia ser ela, Julie.
Cimo a empregada havia recebido folga no dia, vou eu mesmo atender a porta. Era ela mesma, Julie , com a mesma roupa que usara no dia anterior.
Ela mascava chicles, quando disse:
— Cadê a grana?
—Entre. —convido.
Ontem a noite tinha feito ido no banco sacar o dinheiro, o tinha posto dentro duma valise que estava debaixo da minha cama.
—Espere aqui na sala, enquanto vou buscar o dinheiro.
Vou ao meu quarto e volto pra sala, me deparando com Amanda.
—Olá, querido, você não vai me apresentar sua amiga? —disse ela com aquele rosto redondo e gordo com um sorrisinho no final.
—Ela é... —gaguejo. —Ela é a filha da emprega tento mentir...
—Ora, essa querido diga a verdade.
—Que verdade? —pergunto.
—Ela é ou não é uma puta?
—Sou sim Amanda. —disse Julie com um sorriso estampado no rosto. Elas se olhavam como se conhecessem.
Não, não aquilo não poderia ser possível.
—Vocês se conhecem?
—Sim, querido, nos conhecemos sim. Ela é uma atriz contratada por mim, para dar em cima do meu futuro marido. É uma espécie de teste antecipado de fidelidade. Sabe como é, né. O mundo hoje em dia está cheio de oportunistas...
Lembrando bem, fora Amanda que me apresentara Julie naquele baile de gala, da alta sociedade... Tinha conhecido Julie pouco tempo depois de Amanda. Trocamos telefones escondidos e começamos a nos relacionar...
Então aquilo tudo, desde o princípio não passara dum teste!
Olhei para Julie que havia tomado uma postura completamente diferente. Estava seria,porém mantinha nos lábios um sorriso irônico.
—Não se preocupe, não contarei para ninguém. —disse ela se levantando do sofá em seguida por Julie. —Desde que você não se atreva a dirigir uma palavra sequer a mim.
Concordo com a cabeça e deixo ambas saírem pela porta...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Fique a vontade para comentar as séries,contos ou crônicas que posto aqui no blog.
Saber a sua opinião é muito importante para mim.