quinta-feira, 2 de maio de 2013

A HORA DOS LOBOS —EPÍLOGO : A LOBA E A VINGANÇA

raffael petter
 
 
—Tabatha, você está bem? — perguntou Tyler, me encarando com aqueles olhos verdes-esmeralda.
Estava deitada num divã roxo e fofo perto duma janela com cortina de renda branca. Era a mesma sala em que segundos, eu bisbilhotara a conversa entre pai e filho...
—Ouvi tudo o que vocês disseram... —digo categórica. —Sou mesmo uma loba?
— Pai você pode me dar licença? — perguntou Tyler dirigindo-se ao homem que estava logo atrás dele.
—Esperarei pelos dois lá fora. — respondeu o pai de Tyler, um senhor de seus quarenta e sete anos de idade, com olhos verdes iguais ao do filho e sorriso franco nos lábios. Olhando, podia-se perceber que daqui alguns anos Tyler se tornaria uma figura igual aquela.
—Pode começar... —disse quando o pai dele fechou a porta, deixando-nos a sós. Tyler pegou uma cadeira próxima do divã e sentou-se perto de mim. Tentei me erguer, mas meu corpo ainda estava muito cansado.
—Por onde eu começo... —disse ele num monólogo, passando as mãos pelo rosto.
—Que tal pelo início? —disse irônica.
—Tá. Quando eu tive no cemitério naquele estado eu sabia que você morreria... Você havia perdido muito sangue e não resistiria por muito tempo. Por isso, corri o quanto minhas pernas puderam para chegar aqui...
Ele fez uma pausa olhando para mim com os olhos cintilantes como se certificasse que se estava bem.
Então, aproveitei a deixa para fazer uma pergunta.
— Mas se você não tivesse dado o seu sangue para eu beber, eu teria me tornado uma vampira?
—Não... De modo algum. Para isso seria necessário que Valerie desse um pouco do sangue dela para você tomar...
Por um breve momento aquela cena da desgraçada tomando meu sangue, voltou pela minha cabeça...
—Acho que ela queria me matar mesmo... —disse soltando um suspiro profundo.
—Tabatha, não houve outro jeito... Se eu não tivesse dado o meu sangue pra você... Você estaria morta. O sangue de nós lobos tem a capacidade de regeneração um pouco mais rápida do que a dos seres humanos... Apesar de você ainda estar um pouco fraca, mas é que o sangue ainda está agindo em seu corpo, muito provavelmente, porque suas células humanas estão se combinando com as células lupinas...
—Isso quer dizer então, que aos poucos me tornarei uma loba?
—Sim— respondeu ele acenando.
— E quando me transformarei? —perguntei bocejando, o sono de algum modo começou a me invadir.
Não agora, não, por favor, sono...
—Acho melhor continuarmos esta conversa depois...
—Não... —disse soltando um bocejo de urso faminto— Pode continuar...
—Só tenho uma coisa a te dizer... —disse ele se aproximando.
—O quê? —perguntei com a voz sonolenta.
—Eu te amo... —disse beijando minha testa.
Mais uma vez, adormeci...
***
—Você tem certeza, Tom?
— Absoluta.
—Você pode mesmo localizá-los? —perguntou Juan, tomando sangue numa taça, que acabara de retirar de mais uma de suas vitimas, a amiga de Azálea, a Mirtis uma velha de sessenta e poucos anos, que sempre ia visitar o casal Leônidas, sobretudo, para discutir jardinagem com Azálea.
Porém, seu corpo pequeno vestido por um conjunto moletom de rosa Pink, jazia sobre a mesa que horas atrás sua amiga havia sido morta, de modo que o sangue que escorria por dois furos em seu pescoço corresse mais rápido.
Tinha ido ali, na casa dos Leônidas, para informar que acabara de ganhar o concurso de melhor roseira silvestre (mesmo tendo ficado em terceiro lugar). Estranhara quando fora atendida por um jovem que se apresentava por Tom...
—Sim. Posso — respondera Tom terminando a sua taça, estalando a língua de contenção.
—Não se preocupe Valerie, eles terão o que merece... —disse Juan acariciando a cabeça branca e sem vida de Valerie.
Depois ambos os vampiros explodiram em gargalhadas, que perfuraram a noite de céu estrelado.

FIM DA PRIMEIRA TEMPORADA






 

 

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