sábado, 27 de abril de 2013

A HORA DOS LOBOS Cap.12

a hora dos lobos

12. Uma cabeça.

A casa dos Leônidas ficava na parte mais afastada de Peba City. A casa era uma das mais velhas de toda a cidade, tinha pelo menos mais de cem anos.
 Era uma antiga construção toda feita em madeira pintada de branca com uma larga varanda em sua frente. Apesar de o tempo ter passado os velhos moradores, um casal de velhos soubera a conservá-la bem.
O jardim com esculturas de elefantes feitas em arbustos estava sempre muito bem aparado, quem os vissem de primeiro momento diria que fora podado por algum profissional, pois os animais eram muitos reais.
Porém, eles não foram criados pelas mãos de um profissional e sim pelas mãos de Azálea Leônidas, mulher de Adamastor Leônidas o banqueiro de Peba City.
Formavam um belo exemplar de casal de sexagenários que qualquer um casal desejaria se tornar quando chegasse à idade dos dois.
Azaléia cuidava da casa e do jardim com auxilio de funcionários enquanto Adamastor cuidava de sua tão preciosa biblioteca. Ele passava a maior parte do dia lendo, Azaléia não reclamava, pois teria mais tempo para cuidar de suas tão preciosas bromélias raras.
Como havia dito, eles formavam um belo casal. Ela com sessenta anos ainda mantinham um resquício de beleza. Lábios pequenos, rosto redondo e cabelos cortado no estilo channel. Ele um pouco menos, apesar de ainda manter aquela pose aristocrática e elegância que herdara com passar dos anos como o maior banqueiro da cidade. Olhos verdes espertos, boca com sorriso irônico e uma quase rala cabeleireira no topo da cabeça.
Porém, certa noite quando estavam jantando, a campainha da casa toca.
Quem seria? Perguntara-se o casal.
— Quem é? — perguntou Adamastor a Azálea.
—Não sei... Não convidei ninguém.
Interromperam a refeição esperando pela volta da empregada que traria respostas.
Depois de meia hora de espera:
— Cadê a Inês, que não volta? —perguntou Adamastor.
— Deve estar conversando na copa com o cozinheiro... — disse Azaléia se levantando.
Contudo, pouco depois de se levantar da mesa ela voltou a se sentar.
Entrava na grande e luxuosa sala de jantar dois homens uma mulher.
—Opa!Chegamos na hora certa... — disse um cara de cabelos negros e grandes com um sorriso torto de lábios sujos de algo vermelho...
— Estou morto de fome... — falou o outro um magrelo e loiro com cara pálida, como papel massageando a barriga. Ele tinha o rosto anguloso, meio andrógeno.
—Eca!Sangue de velho... —completou a mulher. Ela era espetacular!Busto cheio, cabelos cacheados e louros, aparentava ter uns trinta anos mais quando soltava aquele sorriso irônico parecia ter menos.
—O que vocês querem? —perguntou Adamastor com a voz tremula como uma folha pendente dum galho.
— Não tenho paciência com velhos, Juan! — gritou a mulher para homem de cabelos negros que parecia ser o líder do trio.
— Calma, mana, Valerie... —disse ele sorrindo— Será rápido... —disse ele com os dentes caninos retraídos, pontiagudo, prontos para o ataque.
—Posso ficar com a velha? —perguntou o loiro magricela.
—Pode sim Tom— respondeu Juan acenando com a cabeça.
Assim como Juan, Tom e Valerie retraíram os caninos, famintos.
— Estou faminta... —disse Valerie saltando em cima da mesa.
***
—O que a gente faz com os corpos? —perguntou Tom.
—Enterrem no jardim... Junto com os corpos daqueles dois criados que matamos também... —disse Valerie.
— Como assim “enterrem”? —perguntou Juan, chutando o lívido Adamastor que jazia morto a seus pés.
—Vou dar uma volta pela cidade...
—Mentira! — disse Juan pegando no braço de Valerie com brutaleza. —Você vai encontrar o desgraçado do Bastian...
—E se eu for? — refutou arrogante. —Penso que isso não seja da sua conta...
—Não basta o que ele te fez no passado?
—Quem vive do passado é museu, agora me largue.
—Valerie... —disse ele soltando o braço dela.
—Eu sei me cuidar sozinha... — disse dando as costas pros dois vampiros.
Por dentro, Juan fervilhava de raiva. Odiava de corpo e alma (se a tivesse) Bastian Blake.

***

— Você não acha que Valerie está demorando? —perguntou Juan sentado na cabeceira da mesa, a mesma que os Leônidas horas antes jantavam.
—Isso é normal... —respondeu Tom. —Quando Bastian e Valerie se encontram... Houve uma vez em Paris em que eles ficaram...
—Me poupe da novela— disse Juan fazendo com o outro se calasse.
Ficaram calados durante mais uma hora que se passara. Haviam caído num silêncio mórbido e entediante.
Juan se cansara de tanto esperar e disse ao outro vampiro:
— Você não quer trazê-la de volta?
—Posso tentar vai meio improvável ela querer voltar... Principalmente quando ela reencontra o Bastian...
— Não importa. Quero pelo menos saber onde ela está. Se ela está bem.
— Cara, logo a Valerie?
—Vá, logo! —disse Juan.
—Tá, tá...
Juan ficou observado pela janela. Vira quando Juan desaparecera nas trevas...
Há algo de errado, pensou Juan, posso sentir...

***

Não acredito nisso, pensava consigo Tom enquanto corria pelas ruas de Peba City, porque sempre eu?
Podia sentir o cheiro de Valerie flutuando no ar. Era como se tivesse um fio de cheiro flutuando no espaço. A maioria dos vampiros possuía esse cheiro especifico. Esse o era o cheiro de quando eram vivos.
No caso de Valerie, ela cheirava a rosas vermelhas.
Parou em frente duma igreja caindo aos pedaços.
O que ela veio fazer numa igreja? , Pensou ele, Espero que ela não esteja fazendo nada profano...
Ele entrou na igreja e sentiu o cheiro de outros três vampiros e duas humanas.
Foi até o corredor.
Não encontra ninguém.
Volta.
O nariz dele estava aguçado, farejando o ar com um cão perdigueiro.
Onde você está Valerie? , Perguntou Tom para si.
Voltou para o átrio da igreja. Olhou para o céu escuro que começava a esmaecer, recebendo gradualmente tons alaranjados.
O sol nasceria em breve.
Farejou o ar.
E correu na direção do cemitério...

***
Aquelas lápides todas, não lhe causavam estranheza como antes, quando humano.
A morte era algo, banal.
Tão banal que adorava ver a vítima morrer, esvaindo em sangue.
Sangue... Fonte de vida e prazer...
O cheiro estava se tornando mais forte...
O cheiro de rosas que sua irmã exalava era inconfundível...
Atravessou o portão que dava em direção a floresta e lá estava ela, Valerie morta no chão. O corpo desfigurado dum lado e a bela cabeça do outro...
O corpo de Tom fora possuído por um tremor... As mãos tremelicavam como vara verde...
—Não!
Nervoso, abriu uma cova no solo e enterrou o cadáver da irmã.
Havia outros cheiros ao redor, naquela parte onde a cabeça da irmã estava jogada...
O cheiro de uma humana e de um lobo...
Pegou da cabeça da irmã pelos cabelos e disse olhando em seus olhos de peixe morto:
—Não vai ficar assim... Vingarei sua morte...

***
O dia começava a raiar quando Tom chegou à casa dos Leônidas.
Trazia consigo aninhando nos braços a cabeça da irmã.
Não sabia bem o motivo de tê-la trazido consigo. Talvez, fosse pelo motivo de ela ser tão bonita...
Um rosto tão belo, Concluiu consigo com os olhos marejados, Não merece ser comido pelos vermes...
—Então? —perguntou Juan virando-se de frente para Tom assim que esse entrou na sala de jantar.
Tom não precisou responder, pois os olhos de Juan desceram imediatamente para o volume em que os braços de Tom abraçavam.
— O que? — questionou.
Porém não havia mais tempo para respostas ou perguntas, pois lá fora o sol raiava.
Ambos  correram , buscando refugiar-se no sombrio porão da casa dos falecidos Leônidas.
Adormecendo no colo da morte...

 

CONTINUA

 

sexta-feira, 26 de abril de 2013

A HORA DOS LOBOS Cap.11


 

imagens de lobos correndo


11. Ainda viva
Pude sentir o sangue escorrer pelo meu pescoço e empoçar por debaixo de minhas costas; o sangue estava quente...
Pude sentir minha respiração indo aos poucos fraquejando, respirava com muita dificuldade...
Pude sentir minha visão esmaecendo, deixando tudo em volta, mergulhado num breu completo...
Por fim, pude ouvir as asas da morte baterem,aproximando a cada segundo,de mim...
Parecia que estava dormindo num sono há muito desejado, um sono represado, que agora como um dique, de repente, se rompera inundando tudo...
Estava imersa num sono profundo...
O único dos sentidos que ainda funciona em meu corpo mesmo com certa dificuldade, era a audição...
Conseguia ouvir em minha volta os sons do ambiente... Os lábios de Valerie em meu pescoço como uma sanguessuga faminta...
O trilar dos grilos...
E um rosnado...
Se aquilo fosse algum pesadelo queria despertar imediatamente dele. Não, já estava na hora de acordar!
Bastava!
Aquilo tudo bastava!
Vamos acorde!,
Dizia eu consigo mesma, Vamos desperte deste pesadelo!Vamos Tabatha...
Porém, nada acontecera...
Nada...
Ainda estava nas trevas; apenas ouvindo os ruídos lá de fora.
Inclusive, pude ouvir o que Valerie disse ao desgrudar repentinamente de meu pescoço:
—O que você está fazendo aqui lobo desgraçado? — perguntou ela com raiva para os rosnados incessantes que agora eu sabia se tratar de um lobo... —Acho que eu sei de quem se trata... — falou farejando o ar. Minha audição apesar de fraca, de alguma forma, manteve-se aguçada o suficiente.
Em reposta, Valerie recebera rosnados ainda mais altos.
—Então é você Tyler Black?
Era aquilo mesmo que eu acabei de ouvir?Tyler... Então ele recebera as minhas mensagens... De repente, sou tomada por uma onda de ânimo; mas do mesmo lugar que essa onda surgiu, ela voltou...
— Veio se juntar a essa humana? — perguntou zombeteira.
Depois uma explosão de gargalhadas.
Farfalhar de folhas, asas batendo e o rosnado do Tyler, do lobo...
— Você vai morrer desgraçado... —berrava a vampira do alto. —Depois, terminarei de matar a humana...
A voz dela estava fina e cortante.
O que aconteceu a seguir eu não consegui compreender muito bem... Foi uma verdadeira mistura de gritos e rosnados... Com certeza, Tyler e Valerie brigavam...
Se tivesse forças suficientes para me levantar do chão eu teria partido para aquela briga, ajudaria Tyler...
Alguns minutos se passaram até que não consegui ouvir mais nada.
Apenas o silêncio reinava...
Adormeço.
***
Não sei se fiquei desacordada por muito tempo, só sei que acordei ao som de pés se aproximando...
Seria Tyler ou Valerie...?
Só de pensar meu coração se partira ao meio...
A pessoa parou perto de mim... Agachou-se, aproximou a respiração ofegante e perguntou:
—Você está bem?
Aquela voz era de Tyler. Eu queria me levantar e abraçá-lo e dizer que estava...
Mas como havia dito antes, estava sem forças.
—Oh, céus... — exclamou ele. —Não se preocupe te levarei para casa. Meu pai saberá o que fazer... —disse ele me erguendo do solo, me carregando em seu colo.
Abri os olhos e o vi tão belo quanto antes... Havia manchas de sangue por sua boca e por uma parte de seu pálido e forte peitoral...
Os olhos aqueles olhos verdes como esmeraldas tinha uma tonalidade completamente diferente agora...
Sorrio.
E volto a dormir.
***
Assim que despertei, percebi pela cama que deitava e o quarto que estava que aquela não se tratava de minha casa. A cama de madeira toda em talhada e os moveis todos de bom gosto e refinamento, afirmavam isso. Principalmente, o quadro que ficava à minha direita acima dum aparador que trazia na pintura três homens. Tyler lindo como sempre à direita e Bastian com um sorriso cínico à esquerda, no meio ficava um homem de cabelos grisalhos e queixo grande, quadrado.
Aquela casa era a casa de Tyler.
De repente, tudo que acontecera na noite anterior me veio à cabeça numa sucessão de flashes. Era como se eu assistisse num telão a uma macabra exposição fotográfica...
Lembrei de Valerie, de Tyler, da carta, de tudo...
A janela a minha frente pude ver que era dia. O sol brilhando num céu azul sem nuvens ao som de pássaros que comemoravam o dia ensolarado.
De repente, lembrei-me da minha mãe...
Será que ela...
—Não se preocupe... — disse Tyler. —Ela está em casa...
Com sede, meus ouvidos seguiram na direção daquela voz. O dono dela se encontrava sentado numa poltrona xadrez em vermelho e verde ao meu lado esquerdo...
Como não o havia percebido antes?
—Como você está?
—Bem... — disse lembrando a marca que deve ter ficado dos dentes de Valerie. Viraria vampiro? —Acho...
Minha voz soou fraca...
Droga!
— Por que você não me contou? — perguntou ele irritado.
— O quê? — disse como se não soubesse do que se tratava.
—Deixa de graça... —nunca o vira falar tão sério. — Porque você não contou que Tyler tava te ameaçando?
—Eu não podia... —disse a verdade.
—Como assim não podia? — questionou nervoso...
—Se eu tivesse contado a alguém que eu ia me encontrar com ele, Bastian mataria mãe... Por isso não te contei...
Ele ficou quieto.
Olhava para mim...
Queria perguntar pra ele se ele tinha raiva, mas meu orgulho não deixou... Ora, essa eu não tinha culpa se o irmão louco dele fizera minha mãe de refém...
—Descanse... Depois conversaremos... —disse ele levantando-se da poltrona e dirigindo-se para porta do quarto sem olhar para mim.
Fechou a porta e logo após adormeci...
O cansaço voltara...
***
Era noite.
As estrelas brilhavam no céu. E eu ainda estava naquele quarto...
Tentei me levantar, mas não consegui. Estava ainda muito fraca. Eu deveria ter perdido muito sangue...
Tento me levantar de novo da cama. Fiquei por alguns momentos sentada na cama.
Estava ainda zonza...
Bastava olhar para penumbra daquele quarto para que eu começasse a ficar tonta...
Esperei alguns minutos até que meu corpo convalescente se acostumasse para poder dar os primeiros passos como uma criança que aprende a caminhar. Só que eu não tinha o auxilio de meus pais pra me ampararem caso eu caísse.
A sensação de uma pessoa mordida por vampiro é a de estar seca... A cada mover de músculo travava uma grande batalha com meu corpo que parecia atrofiado...
Apoiei-me na parede de madeira e no pequeno criado mudo até que eu conseguisse chegar a porta.Quando cheguei a maçaneta minhas costas estavam banhadas de suor.
Torço a maçaneta e dou de cara com um corredor escuro e vazio.
Olhei para os dois lados antes de seguir a direita e fechar a porta atrás de mim.
***
Quando cheguei ao corrimão da longa escada de madeira eu arfava. Sabia que ainda estava fraca por que a pouca distancia que percorrera até ali era mínima além de que eu fizera o percurso todo me apoiando na parede.
Comecei a descer os degraus que rangiam a cada degrau que eu descia. Parecia uma daquelas escadas de filme de terror em que o assassino está à espera da personagem logo embaixo, com uma machadinha na mão pronto matar...
No meu caso não houve assassino algum, porém ao olhar pro espelho que ficava acima dum aparador no lado esquerdo, ao final da escada, eu me assustei.
Aquela figura que tinha como reflexo não podia ser eu... Estava irreconhecível!
Rosto magro, com olheiras quase roxas como se eu não tivesse dormido há séculos e lábios rachados... Além de que usava uma camisola pérola de cetim ridículo que nem minha avó usaria.
Literalmente eu estava acabada...
Sai de frente do espelho e passei por um cômodo que deveria ser uma sala de estar. Estava em penumbra e erma.
Saio desta sala e rumo para um corredor iluminado por luzes bem fracas, que fizeram com que eu apertasse os olhos para enxergar o caminho a minha frente.
Sou atraída por uma porta entreaberta. Um facho tênue de luz saia de dentro dela...
Aproximei-me sorrateiramente dela e pude ouvir a seguinte conversa:
— Você tem certeza que ela não vai se transformar num vampiro, papai? — perguntou Tyler preocupado.
Eu não o pude vê-lo muito bem, pois a poltrona em que estava sentado ficava de costas para mim. A pessoa com ele conversava (o pai dele) também não dava para vê-lo, a poltrona verde de veludo estava disposta de frente a do Tyler, impossibilitando desse modo minha visão.
Mas o papo continuou:
—Não se preocupe... Você fez tudo como eu te falei? —perguntou a voz da poltrona de veludo.
— Sim, fiz... Dei meu sangue para ela beber... — disse com a voz um pouco distante.
—Tyler, você tão bem quanto eu que se você não tivesse agido dessa maneira, sua namorada a essa altura estaria morta ou teria se tornado uma vampira...
—Sei bem disso... O problema é que... É que eu não queria que ela se transformasse...
—Foi o único jeito de salvar a vida de ela, isto é, mesmo tendo transformando-a em lobo... — depois de dizer tais palavras a sala que deveria ser uma biblioteca ou escritório, ficou em silêncio.
Aquelas palavras soaram como socos em meu ouvido.
Eu me tornara um lobo?
Aliás, eu era um lobo?
De repente, como num flashback dum filme comecei a me lembrar de uma determinada cena:
"—Vamos, beba Tabatha... — disse ele me colocando sob a cama de casal e me dando o sangue escorria de seu pulso. - Isso beba...
Eu tomava de bom grado, porém, tomava meio que inconsciente estava muito fraca provavelmente..."
Precisa saber a verdade...
Saindo do flashback e voltando ao peso da realidade, empurro a porta da biblioteca, surpreendendo Tyler e seu pai.
Contudo, não pude ver ou ouvir mais nada.
Pois caia desmaiada no chão.


CONTINUA
 
 

 


 

domingo, 21 de abril de 2013

A HORA DOS LOBOS Cap.10

Fotos de vampiros chupando sangur

  
10. Morta


—Que foi?O brinquedinho não está mais funcionando? —Valerie disse com um sorriso desdenhoso na cara, deixando em evidência aqueles dois caninos arreganhados prontos para atacar.
O que veio a seguir fora muito rápido. Mais muito rápido mesmo. Isto é, fora questão de segundos ou milésimos de segundos.
Antes mesmo que avançasse na direção de meu pescoço, Bastian aparece , surpreendendo-a com uma chave de braço.
—Vai, Tabatha fuja, logo...
Por um breve momento eu fiquei paralisada. Por que ele estava fazendo aquilo por mim? Isso contrariava todas as regras que aquele livro sobre vampiros falava.
—Vamos, logo! Eu não vou conseguir segurá-la por muito tempo! —disse Bastian, pressionando fortemente o braço contra o pescoço de Valerie.
Levanto e sacolejo minha mãe.
—Mãe, acorde! —digo, sem que ela se movesse um centímetro do lugar.
Tinha de que fazer algo urgente... Uma medida extrema ,talvez, mas qual tinha que arriscar fazer.
—Mãe, desculpe pelo o que eu vou fazer agora... — peço perdão antes de desferir um tapa no rosto dela. O que faz efeito rápido, como num passe milagroso de mágica minha mãe desperta do transe.
—Onde estamos? —pergunta ela atônita, piscando os olhos várias vezes.
—Mãe, depois eu te conto! Temos de sair daqui agora... —falo puxando-a pelo pulso, fazendo com que ela se levantasse do chão.
Nesse momento, Bastian havia encostado Valerie numa parede. Fazia um esforço extremo— qual não resistiria por muito tempo— para mantê-la longe de mim. Valerie estremecia de ódio.
Não fiquei para esperar pelo que aconteceria.
Rumei para porta, na direção do sombrio corredor.
—Tabatha, você pode me explicar onde estamos ? —pede por respostas minha mãe descabela.
—Mãe, não temos tempo... Prometo que quando sairmos daqui eu conto... —digo apreensiva.
Atravessávamos a porta de ferro, quando na nave da igreja, Lizzy me barra:
—Onde você pensa que vai? —disse erguendo a sobrancelha esquerda arrogantemente.
—Pra casa? — respondo.
—Mas a festa não acabou...
—Dá para me dar licença? — digo empurrando a vampira em minha frente.
O impressionante é que ela não tentara me impedir.
De repente, me dei conta quão grotesca  era aquela igreja.
Eu e minha mãe estávamos correndo, prestes a alcançar à porta da igreja, quando um grito animalesco explode reverberando por todos os lugares.
Era como se uma fera estivesse faminta ou com muita raiva...
Ousei olhar para trás.
E conseqüentemente não pude acreditar no que meus olhos acabavam de ver.
Era ela; Valerie. Uma Valerie completamente transformada numa mistura horrenda de morcego com ser humano: podia-se ver entre os espaços dos braços dela, uma pele finíssima, branca igual à de um cadáver que se desdobrava como um guarda-chuva servindo-lhe de asas. Os pés haviam desaparecido por completo, dando origem a garras enrugadas, com unhas longas e afiadíssimas; o rosto estava totalmente desfigurado: olhos enormes e vermelhos com um risco negro na íris, orelhas se projetadas cresceram ficando pontiagudas, a boca e o nariz uniram-se para formar uma espécie de focinho serrilhado por dois pares gigantescos de caninos.
Tomou impulso do solo e... E... Começou a voar. Foi quando eu gritei:
—MÃE CORRE!
Podia ouvir o barulho das asas se aproximando. Eu e minha mãe corríamos desesperadas para os braços da noite em busca de salvar nossas vidas.
Descemos as escadas com a habilidade de um felino.
O adejar das asas cada vez mais próximas...
Não tentei olhar para trás.
Apenas corria.
De súbito, minha mãe estaca no átrio da igreja.
— Que foi? — perguntei forçando-me parar.
— Estou cansada...
Nesse exato momento, a vampira investiu contra nós fazendo-nos cair no chão. Ela havia passado de raspão e não conseguindo pegar uma de nós, berra de ódio.
Olhei pro céu negro.
Lá vinha ela com suas asas brancas como de um anjo (vistas de longe).
Preparava-se para um novo ataque.
Foi quando uma ideia muito perigosa estalou em meu cérebro.
—Mãe, a senhora corre e vai procurar por ajuda... —disse eu me erguendo do chão.
— Não, não...
—Vai mãe!Ela me quer e não você.
Olhei nos olhos de minha. E ela nos meus.
—Te amo filha— disse ela me dando um beijo na minha bochecha e apertado abraço como se fosse o último...
A vampira se aproximava.
—Também te amo — digo olhando pela última vez para ela. E empurrando-a para frente em direção da rua grito:
—CORRA!
Antes que Valerie/Morcego visse minha mãe, chamo a atenção dela, erguendo os braços pro alto balançando-os histericamente.
—Ei, vampirona venha aqui me pegar!Vem! — provoco ouvindo, em seguida, como resposta um rosnado alto e feroz.
Meu plano seria correr para floresta que ficava depois do cemitério atrás da igreja. De lá, daria algum jeito de fugir dela.
Meus pés não cansavam. Não cansavam porque a adrenalina se espalhava pelo meu corpo funcionando como um energético que impulsionava minha corrida pela sobrevivência. Sabia quando descansasse cada músculo de meu corpo iria doer.
Todavia, não importava.
Tinha de correr.
Olhei para trás.
Ela estava perto.
Olhei pro portão enferrujado a minha frente e dei um chute nele.
Abriu com estrondoso som metálico.
Entrei...
***
A minha sorte era que havia muitas lápides altas e estátuas de anjos de asas abertas e de foice nas mãos.
Que irônico, não?
Estava no jardim da morte...
Contudo, eu não queria morrer...
Estava encostada numa lápide bem alta que cobria quase todo o meu corpo. Estava deitada sobre um túmulo com a cabeça recostada na lápide. Ofegava e o suor escorria livremente por todo meu rosto.
Droga...
Meu tempo estava acabando...
Se eu ainda tivesse uma daquelas estacas eu poderia fincar uma bem no peito daquela maldita!
Porém; não tinha...
Perdera tudo na igreja...
E se...
Mecho nos bolsos da calça...
Sem chances, não havia nada.
—Tabatha? —chamava Valerie. —Onde está você?
Era ela, muito provavelmente, em sua forma "humana", pois não dava para fazer investida com aquelas dezenas de túmulos e estátuas.
—Vamos, Tabatha... —dizia numa voz irônica — Apareça... Prometo te dar uma morte bem dolorida...
A voz dela aproximava-se, em breve, ela me encontraria e adeus mundo.
Mas se ela está pensando que eu iria me entregar tão facilmente, estava redondamente enganada.
Onde estava Tyler?
Será que ele recebera minhas mensagens?
Pego uma pedra no chão e jogo à minha direita fazendo-a ricochetear numa das lápides.
Tinha de esperar...
—Ah, então você está aí? — disse ela gargalhando.
Mais um pouco...
Podia vê-la, indo na direção dum tumulo com um anjo feito de mármore de asas arreganhadas com uma foice enorme, pronto para atacar.
Esperei mais um pouco.
Agora!
Ponho-me a correr em direção da floresta...
Contudo...
—Onde você pensa que vai? — pergunta Valerie saltando a poucos metros.
— Pra onde você acha que eu vou?
—Direto para uma cova?
—Se você conseguir me pegar... —disse correndo para esquerda, pro lado onde estava escondida antes.
No mesmo instante, ela começou a guinchar.
Passar entre aqueles túmulos vizinhos uns dos outros era muito dificultoso. Além, de que quando Valerie estava prestes a me pegar eu seguia por uma direção diferente.
—Quando eu te pegar vou te fazer em picadinho garota! —avisou.
Ficamos naquele jogo de gato versus rato até que consegui me desvencilhar dela e atravessar o portão grande em arco todo em ferro preto.
Ele estava aberto.
Corro pra floresta...
As folhas secas se despedaçavam quando eu pisava no chão... Tinha de correr mais do que antes...
—Ai! —gritei ao tropeçar numa raiz de árvore fazendo com que desse de cara com o chão.
Estava muito escuro... Não conseguia ver nada...
Preparava-me para retomar a corrida quando Valerie pulou em cima de mim como um leão faminto, doido para desfibrar sua presa...
— Preparada para morrer garota? — disse ela segurando meus pulsos com as mãos e abrindo a boca com dois dentes finíssimos e pontiagudos.
E então ela cravou os dentes em minha jugular...
A dor que eu sentia era ao mesmo tempo insuportável e agradável...
Era um misto de dor e prazer...
Aos poucos pude perceber que toda a minha energia ia deixando o meu corpo junto com o sangue ela sugava...
Estava fraca...
Não tinha como resistir...
O jeito seria encarar a morte de frente...
 
CONTINUA


sexta-feira, 19 de abril de 2013

Voltei, apenas isso

Oi,só passei por aqui porque quero dizer que já já retomaremos as atividades do blog!
É que eu estava sem net, então já viu, né?
Então, galera não perca o último episódio da série A Hora dos Lobos, os últimos capítulos estão imperdíveis.
:D