—Onde estamos Bilie? —pergunto ao meu namorado.
—Só mais um pouquinho querida... Só mais um pouquinho... —responde ele.
Ah tá!
Como assim mais um pouquinho?
Eu estava morta de curiosidade. A vontade que eu tinha era a de
arrancar a venda negra que me cobria os olhos e descobrir em que meu
maravilhoso namorado estava me levando.
Tento desvendar o lugar em que estávamos por meio de meus outros
sentidos. Contudo, não consigo descobrir nada.
—Cuidado com o degrau querida... —avisa Bilie, me segurando com mais
força, num visível sinal de cuidado. Em todo o momento ele me guiara.
Guiara-me até aquele ponto.
Em principio, no carro, manteve-se, misterioso, dizendo que o lugar
onde estava me levando, eu iria gostar muito. E já fora do carro — e muito bem
vendada — meu futuro marido começa a me conduzir;
No decorrer do caminho, tropiquei várias vezes em pedras e buracos, que
se tornaram pra mim como que invisíveis. Quando tal acontecia, eu lhe dava um
tapa no ombro e um belo dum belisco no braço.
Ninguém manda me por em roubadas.
Obedeço.
Tomo cuidado com o degrau.
Em pé numa superfície, que para mim, desprovida de visão, não passava
de algo flutuante e feito de madeira, eu tentava me equilibrar.
—Onde estamos Bilie? —pergunto novamente, tentando encontrar um ponto
de equilíbrio com o salto agulha que estava usando.
—Só mais uns minutinhos... Agora se sente, por favor —disse ele fazendo com que me senta-se no
banco de madeira.
Aquilo já estava me irritando.
Começo a contar, ovelhas mentalmente... Era um exercício pratico que a
professora de Ioga ensinara. A cada carneirinho contado tinha de se expirar...
Aquilo em que estava sentada, com certeza, tratava-se dum barco. Isso
foi confirmado assim que Bilie começar a produzir um som de movimento na água,
isto é, ele devia estar remando deslocando o barco do píer.
Estaco imediatamente a contagem dos carneirinhos.
Não, aquilo não podia ser
verdade!
—SE EU ME MOLHAR EU-TE-MATO! —berro.
—Não se preocupe... Já chegamos.
Bom para você, digo para mim mesma.
***
Bilie põe-se safadamente atrás de mim,
fazendo com eu pudesse sentir sua respiração ofegante tocando minha nuca.
—Preparada? —sussurra em meu ouvido.
Sorrio e aceno.
E então me liberta daquela cegueira momentânea.
De inicio os meus olhos ficaram atônitos, com
a forte claridade que provinham do ambiente. Eles demoraram um pouco a se
habituar a luminosidade amena do lugar.
Fiquei piscando o olho feito uma boneca
assassina enlouquecida durante muitos segundos.
—Que lugar é esse, Bilie? —pergunto pela
terceira vez.
—Adivinha? —provoca ele, levantando a sua
grossa sobrancelha esquerda o que lhe acentuava ainda mais, o ar irônico, que
tinha estampado no rosto. Bilie era moreno com olhos castanhos claros, beirando
um tom de mel e um cavanhaque cujo lhe contornava o belo rosto quadrado e
aristocrático.
Procuro com olhos, me lembrar do lugar onde
estávamos... Bem estávamos no que parecia ser um lago, cujo era ladeado por m
bosque verdejante e denso.
Nesse instante, um negro corvo cortava o céu
azul com um crocitar alto e macabro... Aquilo não era um bom presságio...
Olho bem para cara dele e digo:
—Estamos num lago?
—Bingo!Ponto! —responde ele com ar
zombeteiro.
Detestava aquele tom que ele usava.
—Que lago é esse em que estamos? —pergunto,
pois em Peba City existia, pelo menos, uns quarenta e cinco lagos registrados.
Inclusive, a casa onde eu morava havia um lago. Meu pai havia comprado o
terreno juntamente com ele. Tinha pagado uma verdadeira fortuna pela propriedade.
Mas como aquele não era a minha casa e nem
meu lago...
—Que lago é esse Bilie?
—Vamos, Patricia! Adivinhe!Você está se
saindo tão bem...! —diz acidamente irônico.
Aquilo definitivamente me deixa maluca de
raiva. O modo como ele falava... O tom excessivamente lacônico da sua voz linda
me deixava totalmente exasperada e ao mesmo tempo apaixonada.
Acho que quando o conheci eu fui flechada com
o complexo do cafajeste.
Isso não tinha duvidas. Só isso poderia
explicar os dois anos de namoro que vínhamos construindo.
Vendo que eu estava de cara emburrada com
aquela resposta que havia recebido meu namorado anuncia:
—Estamos no velho Lago Negro...
—Oi? —pergunto rapidamente como se não
houvesse entendido direito as palavras que acabara de ouvir. De chofre, um
repentino arrepio serpenteia toda a minha coluna. Meus pelos estavam todos em
pé.
Aquilo não poderia ser verdade. Não mesmo...!
—Estamos no velho Lago negro... —repete
tentando imitar horrivelmente a voz duns daqueles antigos locutores de radio
novelas.
Não acreditava.
Simplesmente não podia acreditar.
—Bilie, fala sério cara!Onde estamos? —
pergunto novamente, só que desta vez, beirando a histeria. Aquelas brincadeiras
infantis já estavam começando a me irritar.
O encaro.
Aquilo não tinha e não podia ser verdade.
Bilie me dá um sorriso sacana.
—É sério Patricia, aqui é o Lago Negro, olhe
a água... —diz apontando com o remo de madeira para a água negra e turva, cuja
qual, não parecia mais ter vida. Aquela água escura sem brilho parecia não ter
mais vida alguma, peixes deviam ter deixado de existir ali, há muito tempo.
—Mas isso é impossível — contesto incrédula
num tênue fio de voz — o Lago negro havia sido fechado há muito tempo...
—Ah, isso é do passado... O lago já está
livre do ácido...
—Mesmo assim... eu não gosto deste
lugar...Ele imana uma vibe
sinistra... —digo massageando os braços, tentando aquecê-los dum súbito
calafrio.
—Para de ser boba esse lugar está seguro—
disse Bilie erguendo-se do banco onde estava sentado, com os braços estendidos
para o seu feito uma réplica do Cristo Redentor.
—Boba
nada, esse lugar tem uma energia ruim... Eu sinto... E você sabe muito bem
porque estou falando isso...
—Sei muito bem do que você está falando... E
isso é culpa daqueles livros esotéricos do Paulo Coelho que tanto você lê... —retruca
atrevidamente.
Aquilo não tinha nada a haver.
Aquele lago negro transpirava tristeza. Também
não era para menos, o que acontecera naquele dia...
Há uns vinte e cinco anos atrás, numa tarde
calorenta de setembro, banhistas preparavam-se para a grande gincana de natação
que haveria naquele lago. Lago que antes era verde e cristalino, qual na época
se chamava Lago da Euforia.
Todos irradiavam alegria.
Sobretudo, os jovens e crianças que haviam
treinado o ano todo para a grande apresentação daquele dia.
O que havia acontecido no lago iria se se
tornar uma verdadeira lenda, qual se imortalizaria, no balcão dos bares, nas
mesas dos restaurantes e ao redor das fogueiras de acampamentos. Logo o fato
tornara-se a lenda mais recontada pelos habitantes de Peba City, aos turistas
que aqui chegassem.
Todavia, todos os que a ouviam pela primeira
vez ficavam chocados.
Também, não era para menos...
Os nadadores tinham que chegar ao meio do
lago e depois retornarem imediatamente a margem deste.
Os três primeiros que chegassem, seriam
considerados vencedores e com isso ganhariam uma pequena soma em dinheiro.
Tão logo os participantes estavam
posicionados. Dão a alargada com o som sonoro duma buzina. Ambos disparam
feitos golfinhos sob a água verde oliva.
Os pais, tios e parentes torciam
energicamente, vibravam da margem empunhando cartolinas com nomes dos nadadores.
Esgoelavam-se, incitando os participantes a avançarem cada vez mais.
Em dado momento, várias crianças chegaram
juntas a metade do lago. Obviamente, que o tempo de chegada entre elas variava.
Passaram-se, alguns minutos até que todos os participantes estivessem chegados
ao mesmo ponto.
E foi então que uma cena chocante passou-se a
se desenrolar diante dos olhos daqueles pais que nunca mais conseguiriam
esquecê-la.
De súbito, as crianças e os adolescentes
começam a gritar. Bradavam por ajuda. Gritava em desespero, que seus corpos
queimavam e que não conseguiam mais sentir os pés...
As pessoas rapidamente se comoveram. Pais,
parentes ou até mesmo amigos, em estado de angústia, pulavam dentro de botes
verde-limão para socorrer as vitimas que berravam por socorro.
Porém, antes que estes chegassem ao ponto do
fatídico acontecimento, o barco destes começa a derreter.
Seria aquilo o que eles estavam pensando?
—Corra, isso daqui é ácido! —anunciara alguém
de seu bote. O que fez com que todos os ocupantes dos outros botes pulassem e
começassem a nadar em direção da margem do lago.
Não podiam fazer completamente nada a não ser
assistir. Aliás, a única coisa que eles podiam fazer era assistir a seus filhos
derreterem na água, sentir o cheiro de carne apodrecida cozinhando no ar e
chorarem pela perda. Muitas mães, avós e namoradas choravam escandalizadas.
O lago fora interditado. Fora chamada a
policia e a pericia constatara que o que causara aquele terrível acidente foi
uma grande concentração de ácido sulfúrico na água.
Imediatamente as pessoas se perguntaram como
aquilo veio acontecer. Alguns se passaram meses, mas sem que os corações
daqueles que perderam alguém pro lago houvessem se esquecido do fato.
Queriam uma resposta, mais que tudo queriam
um culpado. Então, logo se descobriu o culpado.
Gilbert Chemical, um grande empresário, dono
duma empresa química que produzia medicamentos para aquela pequena cidade,
confessara que havia sido um de seus funcionários que havia despejados tonéis
de ácido na água.
Só que o funcionário acusado de fazer tal ato
revela que o havia a mandato de Gilbert Chemical, que fora temporariamente
preso e depois liberto.
Os familiares sabendo de sua saída uniram-se
para depredar a empresa de Gilbert, fazendo com que ele e sua mulher saíssem da
cidade.
Essa história havia sido contada tantas vezes
que eu a decorara.
Aquele acidente era algo inacreditável.Como
era inacreditável eu estar ali.
—Não acredito que você me trouxe aqui!Você só
pode estar bêbado!
—Hei gata vai com calma... Não tem perigo
algum... Não tem, mas perigo já disse...
O que ele havia dito era verdade. Porém,
aquele lugar continuava fechado.
E algo me dizia que eu não deveria estar ali,
podia sentir que algo muito esquisito estava prestes a acontecer.
—Vamos embora? —digo.
—Por quê? —pergunta ele com um sorrisinho no
rosto.
—Porque sim! —respondo.
—Ah, não vai me dizer que você está com medo
por causa daquela lenda...
—Não, é que eu não gosto desse lugar, Bilie. —disse
olhando em minha volta. —Ele é muito morto, muito triste...
—Tá. Vamos sair daqui, mas antes preciso te
dar uma coisa... —diz ele mexendo no bolso interno de sua jaqueta jeans azul.
—O que é? —pergunto curiosa.
—Isso daqui... —diz ele estendendo uma
caixinha quadrada de veludo preto.
Pego a caixinha.
Seria o que estava pensando?
Não podia ser...
Abro caixa.
—Você aceita a se casar comigo Patricia
Batista Oliveira? —diz meu futuro marido, em tom solene, quando abri a caixinha
de veludo.
Ah, que lindo!
Então tudo aquilo fora uma desculpa — mesmo
sendo péssima — para me pedir em casamento. Ponho o anel no dedo: um anel de
ouro branco com uma pedra vermelha, que se não estivesse enganada era um rubi.
—O que você me diz? —pergunta ele começando a
ficar preocupado. Olhava para mim como uma criança e gulosa que visse a mãe com
um pedaço grande de bolo de chocolate.
—Aceito— sussurro.
—O que você disse? —pergunta como se não
tivesse escutado.
Então repito:
—Eu disse que aceito!
Bilie dá um grito e num pulo joga-se em mim
,estalando em minha boca um beijo saboroso e demorado.
Depois de nos desgrudarmos pergunto:
—Agora podermos ir embora?
—Podemos—responde ele pegando nos remos.
O sol começava a se derreter no horizonte,
deixando lanhos rosa no céu que começa escurecer. Um vento frio e cortante
cortava o lago, trazendo consigo o crocitar distante e agourento de algum
corvo. De imediato, meu corpo começou a sofrer uma onda de arrepios.
Bilie tira a blusa dele e a dá para mim.
Visto-a.
Contudo
o frio que sentia não passou. Aquela frialdade parecia atravessar por entre
minha alma.
Começo a tiritar.
Olho a mina volta.
Parecia que estávamos no mesmo lugar.
Não que conseguisse ver muita coisa, pois uma
densa neblina havia tomado de conta de todo o lugar.
—Bilie estamos perto?
—Acho que sim querida... —diz numa voz que
demonstrava o quão estava cansado. —Há, algo de errado... Deve de ter alguma
coisa prendendo os remos, pois eu remo, remo e nada de sair do lugar!
Viro-me e olho na direção da água perto dos
remos imersos, para ver se encontrava o que estava prendia os remos.
—Não há nada aparente, não... —respondo.
Ele tenta mexer os remos que minutos antes se
moviam — mesmo que vagarosamente.
Nada.
Era como se algo os segurasse.
—Vou ter que pular pra ver o que é amor...
Senão vamos ficar aqui a tarde toda.
—Tem certeza que você quer fazer isso? —pergunto
pesarosa.
—É o único jeito... Agora tome meu lugar,
porque os remos podem cair...
Juntos levantamos. Ele me dá um selinho e
depois salta para a água negra. Prontamente assumo ao seu lugar nos remos.
A tarde finalmente cedera, o lugar à noite. O
céu estava sem estrelas, porém uma linda e rechonchuda lua resplandecia lá em
cima. A lua cheia estava tão grande que iluminava todo o barco com sua luz
prateada. Era como se ela fosse um farol gigantesco e natural.
Fazia dois minutos que Bilie havia pulado
dentro daquela água negra e fria. Ficava preocupadíssima a cada segundo que
passava.
Quando ia gritar ele submerge da água. Sem
pensar puxo-o para dentro do barco.
Ofegava ruidosamente.
—Conseguiu descobrir o que era...?
—Não... Mas vi uns vultos na água... Pareciam-me
ser peixes.
—Impossível... Os poucos peixes que havia no
lago desapareceram—digo.
Por um breve momento ficamos nos encarando,
procurando, nos olhos de cada um uma resposta plausível para aquele mistério.
—Então, tá... Vamos tentar de novo... —diz assumindo
seu lugar de remador.
Mas não adianta. Bilie remava, remava e nada
acontecia. Boiávamos no lago sem nos movermos.
—Não seria melhor ligarmos para alguém? —pergunta
ele.
—Você está com o seu celular? —perguntei.
—Não... E você?
—Também, não — aceno negativamente.
Literalmente, estávamos ferrados. Nossos
celulares deviam estar no carro.
—Então o único jeito será nós irmos nadando
até a margem do lago... —sugere, batendo os dentes de frio.
Olho acima do ombro de Bilie que sentado a
minha frente estava e procuro pela orla do lago.
Nada além de uma densa nevoa.
O que fazer...?O único mesmo seria ir
nadando.
Neste meio tempo em que preparávamos para
mergulhar, algo bate fortemente contra o casco do barco. Se não tivéssemos nos
segurado teríamos caído no lago.
—O que foi isso? —sussurro pro meu namorado,
que a esta altura empunhava um dos remos, deixando que o outro afundasse na
água.
—Não sei... —responde no mesmo tom.
Podia ouvir o meu e o coração dele saltarem
assustadoramente no peito. O suor escorrendo em gotas grossas encharcando a
camiseta e os nossos lábios dementes tremelicando sob o efeito cruel do frio
que parecia estar a zero grau.
Nem meia hora havia se passado, quando num
rompante algo tromba no casco do barco.
Levanto-me. Ficando ao lado de Bilie. Encosto
minha cabeça em seu forte peitoral e molhado.
O que seria aquilo? Alguma espécie de animal
faminto?
Não tínhamos como saber até que mais uma vez
o casco do barco sofre outro encontrão. O intervalo entre as batidas ia
diminuindo rapidamente.
O que é que fosse aquilo, estava planejando
avariar o barco, causando-lhe um furo, por qual este afundaria aos poucos. Ou
ele queria que entrássemos em desespero e pulássemos logo dentro da água?
Estava confusa e com muito medo.
—O que vamos fazer? — questiono aflita.
—Esperar... O casco deste barco é reforçado
em aço... Ele é muito resistente...
Queria saber até quando ele resistiria...
***
De chofre, silêncio.
Silêncio.
O mais puro e angustiante silêncio. O tipo de
silêncio que precede uma ação final.
Fatal.
Em meio, o silêncio, penso estar afogada num
pesadelo, um pesadelo real e desesperador, qual não houvesse o alarme do meu
celular para me fazer despertar.
Um som. Um grunhido, que desfaz a redoma de
silêncio que havia se criado. Súbito minha pele úmida se eriça.
Depois, viera o cheiro, aquele cheiro
esquisito de carne podre se decompondo ao sol entrando em minhas narinas e
revirando meu estomago do avesso como se estivesse dentro duma máquina de
lavar.
—O que é isso? —sussurro ao ver aparecerem
sob a borda do barco quatro dedos amarronzados. Bilie olha pra mim e pro remo
que segurava. E no mesmo instante entendo o que faria.
Ele aproximou-se dos dedos e num único golpe
os decepou, fazendo com que uma coisa guinchasse de dor.
Silêncio outra vez.
Nossos corações palpitavam, nossos pulmões
inflavam descompassadamente, num ritmo frenético. Não havia como fugir daquilo.
Viro meu rosto na direção do de Bilie
murmuro:
—Eu te amo...
—Eu também... —responde ele.
E no instante seguinte o barco começa a ser
chacoalhado, como se fosse uma lata de sardinha no oceano. Por fim, o barco
acabou virando, jogando-nos na água.
***
—Bilie??Onde está você? —berro tentando-o
procurá-lo naquela nevoa desgraçada. Arfava, pois meus pulmões pareciam ter
encolhido.
—Patríciaaaa!!!!!
Sim, aquela era voz dele. Tento nadar na
direção dela.
—Onde você está? —vou gritando à medida que
vou retomando o fôlego para continuar a nadar. No entanto, se pudesse ver as estrelas,
ou a lua pelo menos, para tentar me orientar.
Nada. Nenhum sinal da voz daquele que deveria
ser meu marido.
—BILLIEEEEEEEEEEEEEEEEEE, ONDE ESTÁ VOCÊÊÊ?? —grito
fazendo com minha voz ecoasse. Começo a chorar.
Por quê? Por quê?
Não tive tempo de obter respostas. Sou puxada
por mãos esqueléticas como algemas para o fundo da água. Debatia-me inutilmente
na água, numa tentativa falha de tentar ser libertada. As mãos me puxavam cada
vez mais para as profundezas do lago...
O meu oxigênio esvaia em bolhas do meu
pulmão... Não conseguia respirar direito... Viro-me para ver quem me puxava...
E minha boca em formato de um O abre-se,
horrorizada com que via...
Não, o que era aquela coisa?
Não, não, não...
Não havia mais ar meus pulmões. Minhas
pálpebras como velhas cortinas encerram-se pesadamente sob meus olhos...
Não vejo mais nada...
***
Acordo com a luz do dia afogueando meu rosto.
Apesar de sentir meu corpo totalmente molhado. Que estranho, parecia que eu
havia tido um pesadelo...
Olho a paisagem a minha frente.
O lago. Um barco virado de borco.
E começo a sufocar. Não. Não. Aquilo não
podia ser... Aquilo não... Começo a ter um acesso de tosse. Lágrimas grossas e
salgadas escorriam pelas maçãs do rosto indo parar em meus lábios.
Não podia. Acreditar. Naquilo.
Billie estava morto...
***
Andava desolada pelas margens do lago em
busca do corpo de Billie...
O anel que ele me dera cintilava em meu dedo.
Mas havia outra coisa em meu campo de visão que brilhava.
Corro até o objeto que jogado na terra úmida
e escorregadia.
O pego.
Era uma carteira de identidade. Que tinha o seguinte
nome:
Norton Billie Chemical.
Um grito fica preso em minha garganta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Fique a vontade para comentar as séries,contos ou crônicas que posto aqui no blog.
Saber a sua opinião é muito importante para mim.