sexta-feira, 15 de março de 2013

O Lago Amaldiçoado



—Onde estamos Bilie? —pergunto ao meu namorado.
—Só mais um pouquinho querida... Só mais um pouquinho... —responde ele.
Ah tá!
Como assim mais um pouquinho?
Eu estava morta de curiosidade. A vontade que eu tinha era a de arrancar a venda negra que me cobria os olhos e descobrir em que meu maravilhoso namorado estava me levando.
Tento desvendar o lugar em que estávamos por meio de meus outros sentidos. Contudo, não consigo descobrir nada.
—Cuidado com o degrau querida... —avisa Bilie, me segurando com mais força, num visível sinal de cuidado. Em todo o momento ele me guiara.
Guiara-me até aquele ponto.
Em principio, no carro, manteve-se, misterioso, dizendo que o lugar onde estava me levando, eu iria gostar muito. E já fora do carro — e muito bem vendada — meu futuro marido começa a me conduzir;
No decorrer do caminho, tropiquei várias vezes em pedras e buracos, que se tornaram pra mim como que invisíveis. Quando tal acontecia, eu lhe dava um tapa no ombro e um belo dum belisco no braço.
Ninguém manda me por em roubadas.
Obedeço.
Tomo cuidado com o degrau.
Em pé numa superfície, que para mim, desprovida de visão, não passava de algo flutuante e feito de madeira, eu tentava me equilibrar.
—Onde estamos Bilie? —pergunto novamente, tentando encontrar um ponto de equilíbrio com o salto agulha que estava usando.
—Só mais uns minutinhos... Agora se sente, por favor  —disse ele fazendo com que me senta-se no banco de madeira.
Aquilo já estava me irritando.
Começo a contar, ovelhas mentalmente... Era um exercício pratico que a professora de Ioga ensinara. A cada carneirinho contado tinha de se expirar...
Aquilo em que estava sentada, com certeza, tratava-se dum barco. Isso foi confirmado assim que Bilie começar a produzir um som de movimento na água, isto é, ele devia estar remando deslocando o barco do píer.
Estaco imediatamente a contagem dos carneirinhos.
 Não, aquilo não podia ser verdade!
—SE EU ME MOLHAR EU-TE-MATO! —berro.
—Não se preocupe... Já chegamos.
Bom para você, digo para mim mesma.
                                ***
Bilie põe-se safadamente atrás de mim, fazendo com eu pudesse sentir sua respiração ofegante tocando minha nuca.
—Preparada? —sussurra em meu ouvido.
Sorrio e aceno.
E então me liberta daquela cegueira momentânea.
De inicio os meus olhos ficaram atônitos, com a forte claridade que provinham do ambiente. Eles demoraram um pouco a se habituar a luminosidade amena do lugar.
Fiquei piscando o olho feito uma boneca assassina enlouquecida durante muitos segundos.
—Que lugar é esse, Bilie? —pergunto pela terceira vez.
—Adivinha? —provoca ele, levantando a sua grossa sobrancelha esquerda o que lhe acentuava ainda mais, o ar irônico, que tinha estampado no rosto. Bilie era moreno com olhos castanhos claros, beirando um tom de mel e um cavanhaque cujo lhe contornava o belo rosto quadrado e aristocrático.
Procuro com olhos, me lembrar do lugar onde estávamos... Bem estávamos no que parecia ser um lago, cujo era ladeado por m bosque verdejante e denso.
Nesse instante, um negro corvo cortava o céu azul com um crocitar alto e macabro... Aquilo não era um bom presságio...
Olho bem para cara dele e digo:
—Estamos num lago?
—Bingo!Ponto! —responde ele com ar zombeteiro.
Detestava aquele tom que ele usava.
—Que lago é esse em que estamos? —pergunto, pois em Peba City existia, pelo menos, uns quarenta e cinco lagos registrados. Inclusive, a casa onde eu morava havia um lago. Meu pai havia comprado o terreno juntamente com ele. Tinha pagado uma verdadeira fortuna pela propriedade.
Mas como aquele não era a minha casa e nem meu lago...
—Que lago é esse Bilie?
—Vamos, Patricia! Adivinhe!Você está se saindo tão bem...! —diz acidamente irônico.
Aquilo definitivamente me deixa maluca de raiva. O modo como ele falava... O tom excessivamente lacônico da sua voz linda me deixava totalmente exasperada e ao mesmo tempo apaixonada.
Acho que quando o conheci eu fui flechada com o complexo do cafajeste.
Isso não tinha duvidas. Só isso poderia explicar os dois anos de namoro que vínhamos construindo.
Vendo que eu estava de cara emburrada com aquela resposta que havia recebido meu namorado anuncia:
—Estamos no velho Lago Negro...
—Oi? —pergunto rapidamente como se não houvesse entendido direito as palavras que acabara de ouvir. De chofre, um repentino arrepio serpenteia toda a minha coluna. Meus pelos estavam todos em pé.
Aquilo não poderia ser verdade. Não mesmo...!
—Estamos no velho Lago negro... —repete tentando imitar horrivelmente a voz duns daqueles antigos locutores de radio novelas.  
Não acreditava.
Simplesmente não podia acreditar.
—Bilie, fala sério cara!Onde estamos? — pergunto novamente, só que desta vez, beirando a histeria. Aquelas brincadeiras infantis já estavam começando a me irritar.
O encaro.
Aquilo não tinha e não podia ser verdade.
Bilie me dá um sorriso sacana.
—É sério Patricia, aqui é o Lago Negro, olhe a água... —diz apontando com o remo de madeira para a água negra e turva, cuja qual, não parecia mais ter vida. Aquela água escura sem brilho parecia não ter mais vida alguma, peixes deviam ter deixado de existir ali, há muito tempo.
—Mas isso é impossível — contesto incrédula num tênue fio de voz — o Lago negro havia sido fechado há muito tempo...
—Ah, isso é do passado... O lago já está livre do ácido...
—Mesmo assim... eu não gosto deste lugar...Ele imana uma vibe sinistra... —digo massageando os braços, tentando aquecê-los dum súbito calafrio.
—Para de ser boba esse lugar está seguro— disse Bilie erguendo-se do banco onde estava sentado, com os braços estendidos para o seu feito uma réplica do Cristo Redentor.
 —Boba nada, esse lugar tem uma energia ruim... Eu sinto... E você sabe muito bem porque estou falando isso...
—Sei muito bem do que você está falando... E isso é culpa daqueles livros esotéricos do Paulo Coelho que tanto você lê... —retruca atrevidamente.
Aquilo não tinha nada a haver.
Aquele lago negro transpirava tristeza. Também não era para menos, o que acontecera naquele dia...
Há uns vinte e cinco anos atrás, numa tarde calorenta de setembro, banhistas preparavam-se para a grande gincana de natação que haveria naquele lago. Lago que antes era verde e cristalino, qual na época se chamava Lago da Euforia.
Todos irradiavam alegria.
Sobretudo, os jovens e crianças que haviam treinado o ano todo para a grande apresentação daquele dia.
O que havia acontecido no lago iria se se tornar uma verdadeira lenda, qual se imortalizaria, no balcão dos bares, nas mesas dos restaurantes e ao redor das fogueiras de acampamentos. Logo o fato tornara-se a lenda mais recontada pelos habitantes de Peba City, aos turistas que aqui chegassem.
Todavia, todos os que a ouviam pela primeira vez ficavam chocados.
Também, não era para menos...
Os nadadores tinham que chegar ao meio do lago e depois retornarem imediatamente a margem deste.
Os três primeiros que chegassem, seriam considerados vencedores e com isso ganhariam uma pequena soma em dinheiro.
Tão logo os participantes estavam posicionados. Dão a alargada com o som sonoro duma buzina. Ambos disparam feitos golfinhos sob a água verde oliva.
Os pais, tios e parentes torciam energicamente, vibravam da margem empunhando cartolinas com nomes dos nadadores. Esgoelavam-se, incitando os participantes a avançarem cada vez mais.
Em dado momento, várias crianças chegaram juntas a metade do lago. Obviamente, que o tempo de chegada entre elas variava. Passaram-se, alguns minutos até que todos os participantes estivessem chegados ao mesmo ponto.
E foi então que uma cena chocante passou-se a se desenrolar diante dos olhos daqueles pais que nunca mais conseguiriam esquecê-la.
De súbito, as crianças e os adolescentes começam a gritar. Bradavam por ajuda. Gritava em desespero, que seus corpos queimavam e que não conseguiam mais sentir os pés...
As pessoas rapidamente se comoveram. Pais, parentes ou até mesmo amigos, em estado de angústia, pulavam dentro de botes verde-limão para socorrer as vitimas que berravam por socorro.
Porém, antes que estes chegassem ao ponto do fatídico acontecimento, o barco destes começa a derreter.
Seria aquilo o que eles estavam pensando?
—Corra, isso daqui é ácido! —anunciara alguém de seu bote. O que fez com que todos os ocupantes dos outros botes pulassem e começassem a nadar em direção da margem do lago.
Não podiam fazer completamente nada a não ser assistir. Aliás, a única coisa que eles podiam fazer era assistir a seus filhos derreterem na água, sentir o cheiro de carne apodrecida cozinhando no ar e chorarem pela perda. Muitas mães, avós e namoradas choravam escandalizadas.
O lago fora interditado. Fora chamada a policia e a pericia constatara que o que causara aquele terrível acidente foi uma grande concentração de ácido sulfúrico na água.
Imediatamente as pessoas se perguntaram como aquilo veio acontecer. Alguns se passaram meses, mas sem que os corações daqueles que perderam alguém pro lago houvessem se esquecido do fato.
Queriam uma resposta, mais que tudo queriam um culpado. Então, logo se descobriu o culpado.
Gilbert Chemical, um grande empresário, dono duma empresa química que produzia medicamentos para aquela pequena cidade, confessara que havia sido um de seus funcionários que havia despejados tonéis de ácido na água.
Só que o funcionário acusado de fazer tal ato revela que o havia a mandato de Gilbert Chemical, que fora temporariamente preso e depois liberto.
Os familiares sabendo de sua saída uniram-se para depredar a empresa de Gilbert, fazendo com que ele e sua mulher saíssem da cidade.
Essa história havia sido contada tantas vezes que eu a decorara.
Aquele acidente era algo inacreditável.Como era inacreditável eu estar ali.
—Não acredito que você me trouxe aqui!Você só pode estar bêbado!
—Hei gata vai com calma... Não tem perigo algum... Não tem, mas perigo já disse...
O que ele havia dito era verdade. Porém, aquele lugar continuava fechado.
E algo me dizia que eu não deveria estar ali, podia sentir que algo muito esquisito estava prestes a acontecer.
—Vamos embora? —digo.
—Por quê? —pergunta ele com um sorrisinho no rosto.
—Porque sim! —respondo.
—Ah, não vai me dizer que você está com medo por causa daquela lenda...
—Não, é que eu não gosto desse lugar, Bilie. —disse olhando em minha volta. —Ele é muito morto, muito triste...
—Tá. Vamos sair daqui, mas antes preciso te dar uma coisa... —diz ele mexendo no bolso interno de sua jaqueta jeans azul.
—O que é? —pergunto curiosa.
—Isso daqui... —diz ele estendendo uma caixinha quadrada de veludo preto.
Pego a caixinha.
Seria o que estava pensando?
Não podia ser...
Abro caixa.
—Você aceita a se casar comigo Patricia Batista Oliveira? —diz meu futuro marido, em tom solene, quando abri a caixinha de veludo.
Ah, que lindo!
Então tudo aquilo fora uma desculpa — mesmo sendo péssima — para me pedir em casamento. Ponho o anel no dedo: um anel de ouro branco com uma pedra vermelha, que se não estivesse enganada era um rubi.
—O que você me diz? —pergunta ele começando a ficar preocupado. Olhava para mim como uma criança e gulosa que visse a mãe com um pedaço grande de bolo de chocolate.
—Aceito— sussurro.
—O que você disse? —pergunta como se não tivesse escutado.
Então repito:
—Eu disse que aceito!
Bilie dá um grito e num pulo joga-se em mim ,estalando em minha boca um beijo saboroso e demorado.
Depois de nos desgrudarmos pergunto:
—Agora podermos ir embora?
—Podemos—responde ele pegando nos remos.
O sol começava a se derreter no horizonte, deixando lanhos rosa no céu que começa escurecer. Um vento frio e cortante cortava o lago, trazendo consigo o crocitar distante e agourento de algum corvo. De imediato, meu corpo começou a sofrer uma onda de arrepios.
Bilie tira a blusa dele e a dá para mim.
Visto-a.
 Contudo o frio que sentia não passou. Aquela frialdade parecia atravessar por entre minha alma.
Começo a tiritar.
Olho a mina volta.
Parecia que estávamos no mesmo lugar.
Não que conseguisse ver muita coisa, pois uma densa neblina havia tomado de conta de todo o lugar.
—Bilie estamos perto?
—Acho que sim querida... —diz numa voz que demonstrava o quão estava cansado. —Há, algo de errado... Deve de ter alguma coisa prendendo os remos, pois eu remo, remo e nada de sair do lugar!
Viro-me e olho na direção da água perto dos remos imersos, para ver se encontrava o que estava prendia os remos.
—Não há nada aparente, não... —respondo.
Ele tenta mexer os remos que minutos antes se moviam — mesmo que vagarosamente.
Nada.
Era como se algo os segurasse.
—Vou ter que pular pra ver o que é amor... Senão vamos ficar aqui a tarde toda.
—Tem certeza que você quer fazer isso? —pergunto pesarosa.
—É o único jeito... Agora tome meu lugar, porque os remos podem cair...
Juntos levantamos. Ele me dá um selinho e depois salta para a água negra. Prontamente assumo ao seu lugar nos remos.
A tarde finalmente cedera, o lugar à noite. O céu estava sem estrelas, porém uma linda e rechonchuda lua resplandecia lá em cima. A lua cheia estava tão grande que iluminava todo o barco com sua luz prateada. Era como se ela fosse um farol gigantesco e natural.
Fazia dois minutos que Bilie havia pulado dentro daquela água negra e fria. Ficava preocupadíssima a cada segundo que passava.
Quando ia gritar ele submerge da água. Sem pensar puxo-o para dentro do barco.
Ofegava ruidosamente.
—Conseguiu descobrir o que era...?
—Não... Mas vi uns vultos na água... Pareciam-me ser peixes.
—Impossível... Os poucos peixes que havia no lago desapareceram—digo.
Por um breve momento ficamos nos encarando, procurando, nos olhos de cada um uma resposta plausível para aquele mistério.
—Então, tá... Vamos tentar de novo... —diz assumindo seu lugar de remador.
Mas não adianta. Bilie remava, remava e nada acontecia. Boiávamos no lago sem nos movermos.
—Não seria melhor ligarmos para alguém? —pergunta ele.
—Você está com o seu celular? —perguntei.
—Não... E você?
—Também, não — aceno negativamente.
Literalmente, estávamos ferrados. Nossos celulares deviam estar no carro.
—Então o único jeito será nós irmos nadando até a margem do lago... —sugere, batendo os dentes de frio.
Olho acima do ombro de Bilie que sentado a minha frente estava e procuro pela orla do lago.
Nada além de uma densa nevoa.
O que fazer...?O único mesmo seria ir nadando.
Neste meio tempo em que preparávamos para mergulhar, algo bate fortemente contra o casco do barco. Se não tivéssemos nos segurado teríamos caído no lago.
—O que foi isso? —sussurro pro meu namorado, que a esta altura empunhava um dos remos, deixando que o outro afundasse na água.
—Não sei... —responde no mesmo tom.
Podia ouvir o meu e o coração dele saltarem assustadoramente no peito. O suor escorrendo em gotas grossas encharcando a camiseta e os nossos lábios dementes tremelicando sob o efeito cruel do frio que parecia estar a zero grau.
Nem meia hora havia se passado, quando num rompante algo tromba no casco do barco.
Levanto-me. Ficando ao lado de Bilie. Encosto minha cabeça em seu forte peitoral e molhado.
O que seria aquilo? Alguma espécie de animal faminto?
Não tínhamos como saber até que mais uma vez o casco do barco sofre outro encontrão. O intervalo entre as batidas ia diminuindo rapidamente.
O que é que fosse aquilo, estava planejando avariar o barco, causando-lhe um furo, por qual este afundaria aos poucos. Ou ele queria que entrássemos em desespero e pulássemos logo dentro da água?
Estava confusa e com muito medo.
—O que vamos fazer? — questiono aflita.
—Esperar... O casco deste barco é reforçado em aço... Ele é muito resistente...
Queria saber até quando ele resistiria...
                                 ***
De chofre, silêncio.
Silêncio.
O mais puro e angustiante silêncio. O tipo de silêncio que precede uma ação final.
Fatal.
Em meio, o silêncio, penso estar afogada num pesadelo, um pesadelo real e desesperador, qual não houvesse o alarme do meu celular para me fazer despertar.
Um som. Um grunhido, que desfaz a redoma de silêncio que havia se criado. Súbito minha pele úmida se eriça.
Depois, viera o cheiro, aquele cheiro esquisito de carne podre se decompondo ao sol entrando em minhas narinas e revirando meu estomago do avesso como se estivesse dentro duma máquina de lavar.
—O que é isso? —sussurro ao ver aparecerem sob a borda do barco quatro dedos amarronzados. Bilie olha pra mim e pro remo que segurava. E no mesmo instante entendo o que faria.
Ele aproximou-se dos dedos e num único golpe os decepou, fazendo com que uma coisa guinchasse de dor.
Silêncio outra vez.
Nossos corações palpitavam, nossos pulmões inflavam descompassadamente, num ritmo frenético. Não havia como fugir daquilo.
Viro meu rosto na direção do de Bilie murmuro:
—Eu te amo...
—Eu também... —responde ele.
E no instante seguinte o barco começa a ser chacoalhado, como se fosse uma lata de sardinha no oceano. Por fim, o barco acabou virando, jogando-nos na água.
                                ***
—Bilie??Onde está você? —berro tentando-o procurá-lo naquela nevoa desgraçada. Arfava, pois meus pulmões pareciam ter encolhido.
—Patríciaaaa!!!!!
Sim, aquela era voz dele. Tento nadar na direção dela.
—Onde você está? —vou gritando à medida que vou retomando o fôlego para continuar a nadar. No entanto, se pudesse ver as estrelas, ou a lua pelo menos, para tentar me orientar.
Nada. Nenhum sinal da voz daquele que deveria ser meu marido.
—BILLIEEEEEEEEEEEEEEEEEE, ONDE ESTÁ VOCÊÊÊ?? —grito fazendo com minha voz ecoasse. Começo a chorar.
Por quê? Por quê?
Não tive tempo de obter respostas. Sou puxada por mãos esqueléticas como algemas para o fundo da água. Debatia-me inutilmente na água, numa tentativa falha de tentar ser libertada. As mãos me puxavam cada vez mais para as profundezas do lago...
O meu oxigênio esvaia em bolhas do meu pulmão... Não conseguia respirar direito... Viro-me para ver quem me puxava...
E minha boca em formato de um O abre-se, horrorizada com que via...
Não, o que era aquela coisa?
Não, não, não...
Não havia mais ar meus pulmões. Minhas pálpebras como velhas cortinas encerram-se pesadamente sob meus olhos...
Não vejo mais nada...
                                ***
Acordo com a luz do dia afogueando meu rosto. Apesar de sentir meu corpo totalmente molhado. Que estranho, parecia que eu havia tido um pesadelo...
Olho a paisagem a minha frente.
O lago. Um barco virado de borco.
E começo a sufocar. Não. Não. Aquilo não podia ser... Aquilo não... Começo a ter um acesso de tosse. Lágrimas grossas e salgadas escorriam pelas maçãs do rosto indo parar em meus lábios.
Não podia. Acreditar. Naquilo.
Billie estava morto...
                                   ***
Andava desolada pelas margens do lago em busca do corpo de Billie...
O anel que ele me dera cintilava em meu dedo. Mas havia outra coisa em meu campo de visão que brilhava.
Corro até o objeto que jogado na terra úmida e escorregadia.
O pego.
Era uma carteira de identidade. Que tinha o seguinte nome:
Norton Billie Chemical.
 
Um grito fica preso em minha garganta.

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