sábado, 9 de março de 2013

A HORA DOS LOBOS Cap.7

raffael petter blog


7.A Ilhota
—Alô? —pergunto com o coração quase  saltando em minhas mãos.
—Sou, eu Tyler... E aí está pronta, para o dia mais legal e alucinante de sua vida? —pergunta Tyler com aquela sua voz melódica, que tanto meus ouvidos gostavam de ouvir. Parecia que ele havia engolido uma flauta, que o deixava com essa voz harmoniosa e sedutora.
Só de ouvi-lo meu corpo estremecia todo. Não sabia bem por que ele reagia dessa maneira, só sabia que era um ato involuntário.
Era algo maluco e involuntário.
De repente, me dou conta de uma coisa.
Olho pro relógio cuco, pendurado na parede a minha frente: 4:00 horas.
Ops.
O tempo havia passado e eu preocupada com o “kit” nem o havia notado.
—Onde você está? —pergunto, prevendo a resposta.
—Em frente da sua casa...
Vou à janela da sala, onde estava cuja qual, dava em frente a rua  asfaltada. E com isso, encontro a BMW estacionada do dia anterior, estacionada bem a frente da calçada.
Sim. Era verdade!
Lá estava ele, me esperando!
—Você pode me dar meia horinha? —pergunto.
—O tempo que você precisar... —responde como um verdadeiro gentleman.
Droga!
Precisava me aprontar rapidamente. Não tinha tempo pra tomar banho. Tinha que trocar de roupa e tomar um banho de perfume.
Termino de guardar o resto do “kit” em minha bolsa de caveiras e amontôo num canto as caixas , para, enfim, poder subir em direção ao meu quarto.
Quarto esse que parecia mais com um montoiro, visto a desordem em que se achava.
Bom, onde guardaria minha bolsa?Tinha de ser um lugar pouco provável. Apesar de eu me recusar a acreditar que Bastian poderia improvisar um novo ataque, contudo, não podia bobear.
Pego do meu puff branco, encosto ele no guarda-roupa, subo nele e ponho minha bolsa em cima do móvel.
Pronto.
Pelo menos, ali eles não ousariam pensar em procurar. Ponho o pequeno puff quadrado em seu devido lugar e escancaro as portas do guarda-roupa.
Agora faltava resolver o fator roupa...
Não tinha muito tempo para escolha...
Pego um vestido roxo de seda que havia ganhado de meu pai.
O visto. Procuro pelas sapatilhas pretas, com estampas de caveiras em branco. Calço-as.
Pego da escova em cima do criado mudo. Vou ao espelho e começo a pentear rapidamente os cabelos.
Borrifo um pouco de perfume cítrico em meu pescoço, refrescando minha pele acalorada. Dou uma última olhada ao espelho e antes de me despedir do meu quarto vou a primeira gaveta de minha cômoda. Não podia esquecer minha bolsa carteira de caveiras.
Desço as escadas apressadamente.
Abro a porta, galgo os degraus indo de encontro a Tyler encostado em sua BMW.
Ele estava lindo!
Usava um terno preto encobrindo, uma camisa branca meio desabotoada mostrando brevemente seu forte peitoral e óculos pretos que lhe acrescentava toque de mistério e elegância. Porém, o melhor de tudo era aquele seu sorriso jovial, radiante, que tinha o poder de contagiar qualquer um.
Ao me aproximar dele pude ver que seu sorriso se esticara em completo contentamento. Parecia que por debaixo daqueles óculos ele me observava me admirava. Isso bastava para que qualquer garota se intimidasse, porém eu não fazia papel de garota/donzela.
Preferia ser princesa/Heavy Metal
—Demorei? —pergunto. Sabendo que por mais rápida que eu havia tentado ser, tinha sido lenta.
Em resposta ele sorri e abre a porta do carro.
—Nem um pouco...
Entro no carro e Tyler gentilmente me fecha a porta.
Cara, aquele lobo não parecia ter nada de selvagem... Pelo contrário, ele parecia um verdadeiro cavalheiro...
—Está pronta para se divertir? —pergunta antes de ligar o motor possante do conversível.
—Eu nasci pronta... —disse em resposta.
Nesse ponto, o carro passou a deslizar no asfalto negro. Me sentia como uma princesa, sendo levada pelo seu príncipe em carruagem ultra-moderna.
                                 ***
O carro quase voava sobre o asfalto. As serras verdes, nuvens e arvores que nos ladeava pareciam borrões , vultos indefinidos.
O mesmo acontecia com o meu coração.
Ele parecia que havia se dividido em duas partes. Uma estava preocupada em encontrar minha, saber como ela estava, se estava bem... A outra parte preocupava-se simplesmente em curtir esse momento, apreciar cada segundo ao lado de Tyler...
Em pensar que ele era o meio-irmão daquele desgraçado do Bastian. Pensar que o havia encontrado, quando voltava da escola...
 —Você está bem? —pergunta Tyler.
Estava e ao mesmo tempo não.
— Estou... —digo olhando a paisagem a minha frente (que não era muita coisa) — Onde estamos indo? —questiono olhando-o nos olhos dessa vez.
— Bom, era para ser uma surpresa — dizia olhando para mim—, mas sei que você é curiosa. Estamos indo ao lugar mais lindo de toda a Peba City.
—Ah, sei muito bem qual é...
—Você sabe? — pergunta ele escandalizado. Como se eu houvesse estragado a surpresa de um aniversário.
—Claro que não! —respondo dizendo a verdade.
Ambos começamos a cair na gargalhada. A risada dele era infantil e doce. Parecíamos verdadeiras crianças.
Sei que a piada não fora das melhores, mas o importante era que estávamos rindo.
                            ***
—Falta muito pra chegarmos? —perguntei ansiosa. Não agüentava mais a espera.
—Na verdade já chegamos—responde Tyler estacionando o carro.
Ele retira a chave da ignição abre a porta e logo após a fecha. Vai até a minha porta e abre-a para eu poder descer.
Qual o cara que faz isso hoje em dia?
Nenhum.
—Obrigada—agradeço. —Aonde vamos agora?
—Confie em mim baby e prometo que você não irá se arrepender... —diz ele cobrindo os seus lindos olhos verdes, com os óculos.
—Será que devo? —digo em tom desafiante.
—Deixe meus pés guiarem os seus, prometo levar você ao paraíso... —diz ele estendendo o braço dele para que eu entrelaçasse o meu.
—Só quero ver... —digo aceitando o braço dele.
                               ***
Tivemos de passar por uma cerca de arame farpado (ele levantou a cerca pra eu poder passar), caminhamos por uma pequena estreita trilha de terra no  meio duma floresta,depois passamos por uma velha ponte de ferro onde,segundo Tyler, passava antigamente trens.
Estava me sentindo exausta.
Nunca havia andado tanto quanto como naquele dia. Nem mesmo em São Paulo eu andara tanto!
Nesse ínterim brincamos de contar piadas. Algo meio idiota, eu sei, mas... Era a única forma que encontramos para matar o tempo.
—Você sabe nadar? —pergunta ele em dado momento de nossa cansativa caminhada.
—Sei... Por quê?
—Você promete que não vai ficar com raiva? —pergunta tirando o óculo de sol e olhando diretamente para  mim.
Como ficar com raiva daqueles olhos?
Olhos verdes esmeralda, sedutores que me faziam meu coração bater mais forte e rápido e fazia minha cabeça ira a loucura.
—Prometo.
—É que para chegarmos ao lugar que planejei, precisamos nadar um pouco...
—Tudo bem. Não esquenta... —digo.
O importante era que eu estava perto dele.
E além do mais, eu não era igual aquelas garotinhas frescas que reclamam pelo simples fato, de que vão sujar o tênis se pisarem na terra.
O importante era tê-lo ao meu lado.
                                 ***
—Eis o lugar... —anuncia ele.
O lugar era à margem de um lago, manso de superfície lisa como um espelho. O brilho do sol que caia sobre ele, era refletido se se transformando num jogo de luz cintilante, que pareciam com pequenos diamantes saltitantes.
—Que lugar é esse?Um pedacinho do paraíso?! —exclamo extasiada com a beleza do lugar.
Ele me olha, sorri e depois me diz:
—Isso nem é metade de sua beleza... —Preparada para nadar?
—Sim, mas onde é o lugar?
—Como eu disse siga meus pés e te levarei ao paraíso. É só me seguir, tá?
Optamos por não nos despir.
—Mas e nossas roupas?
—Não se preocupe, eu cuidei disso também.
Então começamos a nos alongar e logo depois no jogamos na água fria que com o passar do tempo nosso corpo fora se habituando a temperatura.
Nadávamos vagarosamente, devido às roupas que deixavam nossos corpos mais pesados. Não desgrudava os olhos de Tyler a minha frente. Os braços fortes dele executavam braçadas fortes e cadenciadas.
Ele parecia querer nadar mais rápido do que eu, porém minha lerdeza impedia-o de fazê-lo. Era um autêntico cavalheiro até nos mínimos atos.
                                   ***
Chegamos às margens de uma rocha, uma grande rocha, que parecia uma espécie de ilhota no meio daquele lago.
Arfávamos.
 —Espero que não tenha mais nenhuma surpresa... —digo totalmente encharcada e resfolegante.
—Não, não tem mais surpresas— disse ele dando a mão dele para que eu me erguesse.
Logo depois ele me guia a uma mesa quadrada forrada por uma toalha branca, com um castiçal em cima desta rodeado por pratos talheres, copos e algumas panelas.
Existiam ainda duas cadeiras dispostas uma em frente da outra.
—Queira se sentar madame —diz ele puxando minha cadeira.
Uau!
Não conseguia acreditar no que estava vendo. Ele trouxera aquilo tudo para cima? Como?
—Você trouxe tudo isso daqui para cima?
—Sim... Trouxe. Por que não gostou? —pergunta aflito.
—Não gostei. Amei.
O sorriso de Tyler era encantador, quando ele se aproximou de mim para me beijar. Nossos lábios se encontraram sedentos. As línguas de ambos buscavam, vasculhavam, penetravam cada micro-canto da boca um do outro.
Era algo que me elevava no céu.
Quando nos desenroscamos perguntei:
—Preparado para responder algumas perguntas minhas?
Por uns instantes ele me olha e acena a cabeça em sinal de concordância.
Que bom.
Havia muito que perguntar.
 

CONTINUA

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