7.A Ilhota
—Alô? —pergunto
com o coração quase saltando em minhas
mãos.
—Sou,
eu Tyler... E aí está pronta, para o dia mais legal e alucinante de sua vida? —pergunta
Tyler com aquela sua voz melódica, que tanto meus ouvidos gostavam de ouvir.
Parecia que ele havia engolido uma flauta, que o deixava com essa voz
harmoniosa e sedutora.
Só
de ouvi-lo meu corpo estremecia todo. Não sabia bem por que ele reagia dessa
maneira, só sabia que era um ato involuntário.
Era
algo maluco e involuntário.
De
repente, me dou conta de uma coisa.
Olho
pro relógio cuco, pendurado na parede a minha frente: 4:00 horas.
Ops.
O
tempo havia passado e eu preocupada com o “kit” nem o havia notado.
—Onde
você está? —pergunto, prevendo a resposta.
—Em
frente da sua casa...
Vou
à janela da sala, onde estava cuja qual, dava em frente a rua asfaltada. E com isso, encontro a BMW
estacionada do dia anterior, estacionada bem a frente da calçada.
Sim.
Era verdade!
Lá
estava ele, me esperando!
—Você
pode me dar meia horinha? —pergunto.
—O
tempo que você precisar... —responde como um verdadeiro gentleman.
Droga!
Precisava
me aprontar rapidamente. Não tinha tempo pra tomar banho. Tinha que trocar de
roupa e tomar um banho de perfume.
Termino
de guardar o resto do “kit” em minha bolsa de caveiras e amontôo num canto as
caixas , para, enfim, poder subir em direção ao meu quarto.
Quarto
esse que parecia mais com um montoiro, visto a desordem em que se achava.
Bom,
onde guardaria minha bolsa?Tinha de ser um lugar pouco provável. Apesar de eu
me recusar a acreditar que Bastian poderia improvisar um novo ataque, contudo,
não podia bobear.
Pego
do meu puff branco, encosto ele no guarda-roupa, subo nele e ponho minha bolsa
em cima do móvel.
Pronto.
Pelo
menos, ali eles não ousariam pensar em procurar. Ponho o pequeno puff quadrado
em seu devido lugar e escancaro as portas do guarda-roupa.
Agora
faltava resolver o fator roupa...
Não
tinha muito tempo para escolha...
Pego
um vestido roxo de seda que havia ganhado de meu pai.
O
visto. Procuro pelas sapatilhas pretas, com estampas de caveiras em branco.
Calço-as.
Pego
da escova em cima do criado mudo. Vou ao espelho e começo a pentear rapidamente
os cabelos.
Borrifo
um pouco de perfume cítrico em meu pescoço, refrescando minha pele acalorada.
Dou uma última olhada ao espelho e antes de me despedir do meu quarto vou a
primeira gaveta de minha cômoda. Não podia esquecer minha bolsa carteira de
caveiras.
Desço
as escadas apressadamente.
Abro
a porta, galgo os degraus indo de encontro a Tyler encostado em sua BMW.
Ele
estava lindo!
Usava
um terno preto encobrindo, uma camisa branca meio desabotoada mostrando
brevemente seu forte peitoral e óculos pretos que lhe acrescentava toque de
mistério e elegância. Porém, o melhor de tudo era aquele seu sorriso jovial,
radiante, que tinha o poder de contagiar qualquer um.
Ao
me aproximar dele pude ver que seu sorriso se esticara em completo
contentamento. Parecia que por debaixo daqueles óculos ele me observava me
admirava. Isso bastava para que qualquer garota se intimidasse, porém eu não
fazia papel de garota/donzela.
Preferia
ser princesa/Heavy Metal
—Demorei?
—pergunto. Sabendo que por mais rápida que eu havia tentado ser, tinha sido
lenta.
Em
resposta ele sorri e abre a porta do carro.
—Nem
um pouco...
Entro
no carro e Tyler gentilmente me fecha a porta.
Cara,
aquele lobo não parecia ter nada de selvagem... Pelo contrário, ele parecia um
verdadeiro cavalheiro...
—Está
pronta para se divertir? —pergunta antes de ligar o motor possante do conversível.
—Eu
nasci pronta... —disse em resposta.
Nesse
ponto, o carro passou a deslizar no asfalto negro. Me sentia como uma princesa,
sendo levada pelo seu príncipe em carruagem ultra-moderna.
***
O
carro quase voava sobre o asfalto. As serras verdes, nuvens e arvores que nos
ladeava pareciam borrões , vultos indefinidos.
O
mesmo acontecia com o meu coração.
Ele
parecia que havia se dividido em duas partes. Uma estava preocupada em
encontrar minha, saber como ela estava, se estava bem... A outra parte
preocupava-se simplesmente em curtir esse momento, apreciar cada segundo ao
lado de Tyler...
Em
pensar que ele era o meio-irmão daquele desgraçado do Bastian. Pensar que o
havia encontrado, quando voltava da escola...
—Você está bem? —pergunta Tyler.
Estava
e ao mesmo tempo não.
—
Estou... —digo olhando a paisagem a minha frente (que não era muita coisa) —
Onde estamos indo? —questiono olhando-o nos olhos dessa vez.
—
Bom, era para ser uma surpresa — dizia olhando para mim—, mas sei que você é
curiosa. Estamos indo ao lugar mais lindo de toda a Peba City.
—Ah,
sei muito bem qual é...
—Você
sabe? — pergunta ele escandalizado. Como se eu houvesse estragado a surpresa de
um aniversário.
—Claro
que não! —respondo dizendo a verdade.
Ambos
começamos a cair na gargalhada. A risada dele era infantil e doce. Parecíamos
verdadeiras crianças.
Sei
que a piada não fora das melhores, mas o importante era que estávamos rindo.
***
—Falta
muito pra chegarmos? —perguntei ansiosa. Não agüentava mais a espera.
—Na
verdade já chegamos—responde Tyler estacionando o carro.
Ele
retira a chave da ignição abre a porta e logo após a fecha. Vai até a minha
porta e abre-a para eu poder descer.
Qual
o cara que faz isso hoje em dia?
Nenhum.
—Obrigada—agradeço.
—Aonde vamos agora?
—Confie
em mim baby e prometo que você não
irá se arrepender... —diz ele cobrindo os seus lindos olhos verdes, com os
óculos.
—Será
que devo? —digo em tom desafiante.
—Deixe
meus pés guiarem os seus, prometo levar você ao paraíso... —diz ele estendendo
o braço dele para que eu entrelaçasse o meu.
—Só
quero ver... —digo aceitando o braço dele.
***
Tivemos
de passar por uma cerca de arame farpado (ele levantou a cerca pra eu poder
passar), caminhamos por uma pequena estreita trilha de terra no meio duma floresta,depois passamos por uma
velha ponte de ferro onde,segundo Tyler, passava antigamente trens.
Estava
me sentindo exausta.
Nunca
havia andado tanto quanto como naquele dia. Nem mesmo em São Paulo eu andara
tanto!
Nesse
ínterim brincamos de contar piadas. Algo meio idiota, eu sei, mas... Era a
única forma que encontramos para matar o tempo.
—Você
sabe nadar? —pergunta ele em dado momento de nossa cansativa caminhada.
—Sei...
Por quê?
—Você
promete que não vai ficar com raiva? —pergunta tirando o óculo de sol e olhando
diretamente para mim.
Como
ficar com raiva daqueles olhos?
Olhos
verdes esmeralda, sedutores que me faziam meu coração bater mais forte e rápido
e fazia minha cabeça ira a loucura.
—Prometo.
—É
que para chegarmos ao lugar que planejei, precisamos nadar um pouco...
—Tudo
bem. Não esquenta... —digo.
O
importante era que eu estava perto dele.
E
além do mais, eu não era igual aquelas garotinhas frescas que reclamam pelo
simples fato, de que vão sujar o tênis se pisarem na terra.
O
importante era tê-lo ao meu lado.
***
—Eis
o lugar... —anuncia ele.
O
lugar era à margem de um lago, manso de superfície lisa como um espelho. O
brilho do sol que caia sobre ele, era refletido se se transformando num jogo de
luz cintilante, que pareciam com pequenos diamantes saltitantes.
—Que
lugar é esse?Um pedacinho do paraíso?! —exclamo extasiada com a beleza do
lugar.
Ele
me olha, sorri e depois me diz:
—Isso
nem é metade de sua beleza... —Preparada para nadar?
—Sim,
mas onde é o lugar?
—Como
eu disse siga meus pés e te levarei ao paraíso. É só me seguir, tá?
Optamos
por não nos despir.
—Mas
e nossas roupas?
—Não
se preocupe, eu cuidei disso também.
Então
começamos a nos alongar e logo depois no jogamos na água fria que com o passar
do tempo nosso corpo fora se habituando a temperatura.
Nadávamos
vagarosamente, devido às roupas que deixavam nossos corpos mais pesados. Não
desgrudava os olhos de Tyler a minha frente. Os braços fortes dele executavam
braçadas fortes e cadenciadas.
Ele
parecia querer nadar mais rápido do que eu, porém minha lerdeza impedia-o de
fazê-lo. Era um autêntico cavalheiro até nos mínimos atos.
***
Chegamos
às margens de uma rocha, uma grande rocha, que parecia uma espécie de ilhota no
meio daquele lago.
Arfávamos.
—Espero que não tenha mais nenhuma surpresa...
—digo totalmente encharcada e resfolegante.
—Não,
não tem mais surpresas— disse ele dando a mão dele para que eu me erguesse.
Logo
depois ele me guia a uma mesa quadrada forrada por uma toalha branca, com um
castiçal em cima desta rodeado por pratos talheres, copos e algumas panelas.
Existiam
ainda duas cadeiras dispostas uma em frente da outra.
—Queira
se sentar madame —diz ele puxando minha cadeira.
Uau!
Não
conseguia acreditar no que estava vendo. Ele trouxera aquilo tudo para cima?
Como?
—Você
trouxe tudo isso daqui para cima?
—Sim...
Trouxe. Por que não gostou? —pergunta aflito.
—Não
gostei. Amei.
O
sorriso de Tyler era encantador, quando ele se aproximou de mim para me beijar.
Nossos lábios se encontraram sedentos. As línguas de ambos buscavam,
vasculhavam, penetravam cada micro-canto da boca um do outro.
Era
algo que me elevava no céu.
Quando
nos desenroscamos perguntei:
—Preparado
para responder algumas perguntas minhas?
Por
uns instantes ele me olha e acena a cabeça em sinal de concordância.
Que
bom.
Havia
muito que perguntar.
CONTINUA
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