Decidi voltar. Não pra Crônicas de uma Vampiro,mas sim para 13 Vampiros.
sexta-feira, 13 de dezembro de 2013
quinta-feira, 17 de outubro de 2013
ADIVINHEM QUEM VOLTOU?
Sim,ela. Minha criatividade!Ebaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa! Me encontro nesse momento escrevendo um conto que em breve irei publicar aqui!
Bye!
Bye!
quarta-feira, 18 de setembro de 2013
Enquanto isso....
Passei aqui pra dizer que quando der meia noite vocês terão uma surpresa....Um conto novo...Sangue, morte...Sangue....
sábado, 14 de setembro de 2013
A HORA DOS LOBOS, EM BREVE ;)
Olá, caros leitores.
Um tempão que não escrevo aqui, né?
Mas dane-se o importante é que estou de volta.Porém, o motivo de estar aqui não é para falar sobre a minha volta e sim a segunda temporada de A Hora dos Lobos e a conclusão de Crônicas Vampirescas.
A Hora dos Lobos foi salva graças a um comentário anônimo que recebi aqui no blog. E queria agradecer muito a essa pessoa porque eu fiquei muito animado ao lê-lo.Isso me motivou muito a continuar a escrever.
Obrigado! :)
A Segunda Temporada de A Hora dos Lobos irá estrear na primeira semana de Outubro-- quando estiver perto do dia aviso.
Eu a já estou escrevendo e modéstia parte , está eletrizante.
Já crônicas Vampirescas ainda falta alguns capítulos para ser finalizar. Então sejam pacientes,ok?
Bom, esse post só foi pra dizer que não estou morto e que em breve retornaremos a anormalidade.
Grato :)
E ao anonimo que escreveu o comentário, muito obrigado!
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
O ESTRIPADOR
Mel
voltava da faculdade. Cursava jornalismo. Amava tanto aquele curso, que não
perdia um só dia. E porque também faltava apenas seis meses para terminá-lo.
Antes
mesmo de acabá-lo, já procurava estágio em um grande jornal da cidade. Queria
deixar o quanto antes aquele emprego como garçonete, na parte da manhã que só
aceita, porque tinha que pagar a mensalidade da meia-bolsa que tinha.
Quem
visse Mel, diria se tratar duma
super modelo, pois era magra, alta, cabelos loiros dona olhos verdes expressivos,
que chamavam muito a atenção dos rapazes da faculdade.
Porém,
ela não queria namorar, pelo menos, não enquanto não terminasse a faculdade e
estivesse com um emprego garantido.
Era
uma mulher independente, que não gostava de viver à custa de terceiros.
Raramente, quando tinha encontros , ela fazia questão de dividir a conta, mesmo
se o rapaz num repentino e oportunista lapso de cavalheirismo insistisse em
pagar totalmente a conta.
O
pior de se estudar a noite eram os perigos que ela escondia, sobretudo, quando
se é uma mulher.
Ouvira
muitos casos ultimamente no noticiário local, sobre ataque a mulheres, que
subitamente eram atacadas por um maníaco de canivete.
O
tec-tec de seus saltos furava o silêncio da noite, espantando gatos vadios que
acabavam de abocanhar gordos ratos.
Se
ela soubesse não teria ido de salto, não mesmo...
***
Virou
a esquina e entrou numa ruazinha vazia e silenciosa, sinistra...
Havia
algo no ar que ela não conseguia distinguir. Uma atmosfera tensa... Tão tensa
que fez com que o seu corpo se arrepiasse por completo...
-Bobagem...
—disse para si e continuando caminhar....
***
Quando
estava prestes a deixar aquela rua escura, algo atrás da pobre garota moveu-se
tão depressa que esta mal teve tempo de ver o que a atingia.
Dor.
Apenas
dor.
Era
o que sentia.
Tentou
se erguer do chão, porém uma dor lancinante nas costelas não lhe permitiu que o
fizesse.
Fechou
os olhos, puxou o ar com força e tentou ergue-se novamente. Porém, assim como
antes não conseguiu. Encolheu-se dolorida.
Permitiu-se
abrir os olhos para tentar localizar seu assassino.
Botas.
A
única coisa que conseguia ver eram botas. Um par de botas marrom, de couro.
Começou
a chorar porque sabia que não mais viveria. Lágrimas lhe brincaram pela bochecha
até atingir o chão.
Algo
molhava a sua roupa?
Sim,
molhava.
Sangue...
Tentou
se virar para implorar por sua vida, quando a lamina do assassino num golpe rápido
e suave lhe corta jugular...
E
em pouco,em pouco o brilho que continha a chamada vida foi se apagando.A última
coisa que vira fora a cara de prazer do assassino...
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
Motivos porquê não voltei a escrever:
- Preguiça.
- Bloqueio.
- Falta de leitores.
Atitude a ser tomada:BOTAR MEU QUERIDO CÉREBRO PARA FUNCIONAR.
PS: Espero que isso passe logo...
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
quinta-feira, 4 de julho de 2013
Sem Net
Ficarei sem net por alguns dias. É que estou trocando de net,então ficarei sem postar durante alguns dias (novidade,né?), mas prometo que assim que tiver uma conexão um pouco melhor, postarei com mais regularidade.:D
Bjokas!
Bjokas!
domingo, 23 de junho de 2013
CRÔNICAS DE UM VAMPIRO - 4
4. Olá, meu nome é
Eva.
Na noite seguinte,
cheguei ao pub e me deparei com um
cheiro diferente.
Sei que isso é algo meio
idiota a ser dito por um vampiro que trabalha num pub badalado, mas o cheiro
era completamente diferente dos quais já pude experimentar nos anos que ali
trabalhei.
Era um cheiro de flores,
misturado com uma pitada de alguma essência marina. Ou seria melhor dizer que
pela primeiríssima vez, não saberia dizer que cheiro era aquele.
Não sabia o que dizer,
isto é, como classificá-lo.
O mais importante era que
eu estava ali e iria desvendar a quem pertencia tal cheiro.
-Gaé, vem cá. —sussurrou
Leonardo me chamando para perto dele, perto do balcão quão ele ficava recebendo
as pessoas, anotando pedidos. —Você não vai acreditar!—disse exultante.
-O que foi?
-Eva.
-Oi?
-Eva. Nova. Funcionária.
Aqui. Gostosa. —respondeu ele quando percebera a minha cara de questionamento.
-O que?
Leonardo iria me
responder só que somos interrompidos, pois Eva acabava de aparecer.
-Oi garotos...
-Eva-va... Ah, esse daqui
é o Gaé, digo, Gael, ele é um dos funcionários daqui— falou ele babando, não
desgrudando um minuto sequer de Eva.
-Olá, Gael. Como
vai?—cumprimentou ela, estendendo sua mão direita.
-Tudo bem...
Quando minha mão encostou-se
na dela, algo surpreendente acontecera. Um arrepio cortou todo o meu corpo como
se recebesse uma descarga elétrica. Olhei pra cara dela: cabelos longos negros
e cacheados; rosto oval e pálido como o resto de seu corpo; olhos verdes
marcados por delineador forte e uma boca em formato de coração sedutora marcada
por batom vermelho...O mais impressionante era que aquele rosto não me era
estranho...
-Tudo bem
mesmo?—perguntou ela quebrando aquele estado de remember time em que me encontrava.
-Tudo. —disse largando a
mão dela. Ela sorria abertamente e depois começou a rir.
-Vou lá papear com a
“Ieta”—falou desmanchando em risos indo na direção cozinha.
- Gaé, você precisava ver
a sua cara quando vocês se cumprimentaram... Parecia um bobo!
-É?
-Sim... —respondeu. —Ai!—gritou
depois de eu ter-lhe desferido um soco.
***
-Gostou da garota
nova?—perguntou Amanda.
-É...
-Vamos, cara, diga a
verdade!Gostou ou não?
-Gostei, mas...
-Sei, ela pode parecer
uma doida varrida uma porra louca e tudo o mais... —falava Amanda enquanto ia
crestando os hambúrgueres na chapa.
-Você gostou dela?
-Sim. Se fosse “homo” ou
“bis”, pegava ela sem pensar duas vezes.
-Sério?
-Sério.
Começamos a rir.
Cessado os risos
pergunto:
-Ela é o que da Marieta?
-Ela havia me dito que
era sobrinha ou filha de uma prima dela, alguma coisa do gênero.
-E você sabe o que ela
veio fazer aqui?
-Ela disse que ela veio
para cá por algo muito importante e que estava morta de saudade de Marieta.
-Saudades da
Marieta?—pergunto assustado.
-Para você ver em que
situação o mundo se encontra. Para alguém ter saudade daquele demônio
precisa-se ser um tanto desajustado, não acha?—disse fazendo movimentos
circulares com o indicador próximo das têmporas.
-Sim, acho—disse caindo
no riso.
Passei o dia inteiro pensando na Eva.
Aquele rosto não me era estranho...
CONTINUA
segunda-feira, 17 de junho de 2013
Sobre o ato de postar
Passo aqui só para avisar que vou postar 4 vezes na semana. Resta saber se o autor do blog vai conseguir.....Hehhe
;D
;D
segunda-feira, 10 de junho de 2013
CRÔNICAS DE UM VAMPIRO - 3
3. A Fugitiva
- O que você está fazendo
aqui?—perguntei irritado, apesar de saber o que ele estava fazendo ali.
-Não está contente em me
ver filho?—perguntou com um sorriso largo no rosto.
-Não – respondo.
Meu pai era o tipo de
cara que apesar do tempo passar, gostava de aparecer com um garoto. Tinha
cabelos pretos brilhosos, que já deviam estar esbranquiçados se não fosse pela
sua condição de vampiro, queixo proeminente com um furinho neste, olhos azuis
que, às vezes, quando estava com raiva se tornavam cinzas.
Em suma, era um quarentão
que queria parecer jovem.
-Oi, Gael. —disse a nova
mulher de meu pai que estava sentada ao lado dele que só fui percebê-la porque,
me cumprimentara. —Meu nome é...
-Já sei qual o seu nome. Zaya,
não é mesmo?
Ela anuiu à cabeça e
Marieta cacarejou perto da mesa, ainda ciscando o chão escuro em busca de um
milho imaginário.
Olhei pra ela e tive o
breve, repito breve ímpeto de dizer ao meu para que quebrasse aquele transe,
mas pensando melhor decidi deixá-la como uma galinha durante algum tempo mais.
-Então o que você
quer?—pergunto categórico.
-Passar um mês hospedado
em sua casa. —respondeu após suspirar.
-Por quê?
-É uma longa história...
-Amo longas histórias...
—respondo impaciente.
- Mas agora não dá pra
dizer... —disse indicando para Leonardo que estava atrás de mim.
Virei-me e constatei que
meu querido colega de trabalho não estava nem um pouco a fim de escutar a nossa
conversa.
Chorava de tanto rir.
Quem o visse diria se tratar duma criança.
-Então, tá. Esperem até a
gente fechar...
-Não. Acho que tenho uma
ideia melhor. —falou levantando-se da mesa indo agachar-se perto de Marieta.
Olhou em seus olhos. Ela
imediatamente parou de cacarejar, encarando-o.
Sabia muito bem o que ele
ia fazer.
Eu e Zaya assistíamos ao
show sem dizer uma palavra.
Quando Marieta estava
presa no olhar de meu pai este disse:
-Você fechará, está
lanchonete agora. Dispensará todos os seus funcionários.Você me entendeu?
-Sim. —respondera ela confirmando
a resposta com um aceno afirmativo de cabeça.
Ela levantou-se
abandonando toda aquela loucura de galinha e dirigiu-se a mim falando com uma
voz pastosa como se um alien houvesse se apossado de seu cérebro.
-Você está dispensado.
Depois passou por mim e
disse o mesmo a Leonardo. Eu sabia muito bem que aquilo se tratava de um transe
uma espécie de hipnose que nós vampiros temos os poderes de impor. Mesmo contra
a vontade do individuo. Vide o exemplo de Marieta.
- O que deu nela
cara?—perguntou Leonardo não entendendo bulhufas o que acabara de acontecer.
-Eu que não vou ficar
aqui para ver. —respondo. —Vocês podem me esperar lá fora?— peço a meu pai e a
minha “madrasta.”
Eles atendem ao meu
pedido.
Passo pela cozinha e vou
direto ao pequeno cômodo que servia de escritório e deposito dos pertences dos
funcionários.
Encontro com Amanda e
Leonardo preparando-se para sair.
-O que deu nã chefe barra
vaca, barra brava?
-Não sei não. —respondo.
—Talvez um milagre?
Amanda olhou com o seu
rosto redondo para mim, cética.
Depois abriu um sorriso.
-Não, não creio... Talvez
o remedinho que ela toma venceu ou ela andou tomando uns goros escondida...
Nós três começamos a rir
ao mesmo tempo.
***
Já fora do pub, procurei
por eles, mas não os encontrei. Porque, provavelmente, deveriam estar esperando
na minha casa.
Dou alguns passos na rua
escura e quase vazia, para depois dar origem a uma feroz e desabalada corrida
em direção as trevas.
***
Fui encontrá-los (mais
Ferdinando) a porta de casa.
-E aí, mano não falei?
-Sim; falou—respondi
empurrando a porta assim que a abri.
Fomos todos para o sótão.
-Pode começar—disse me
sentando no sofá.
-Bem... —começou ele,
tirando Ferdinando da poltrona para que pudesse se sentar. —Sei que não temos
as melhores das relações como pai e filho...
-Tá eu também sei. Mas
você não veio aqui só para falar isso. Vamos, conte logo a verdade!
-É que eu estou
fugindo...
-Do que ou de quem?
-Da Paratsu.
-Do que?
-Da Paratsu. O clã de
bruxas celtas.
-Mas por quê?—pergunto me
acomodando melhor no sofá.
-Eu sou o motivo —
começou Zaya antes que meu pai tivesse chances de explicar. —Foi por minha causa...
Eu me apaixonei pelo seu pai e ele por mim...
-E qual o problema?Não
vejo mal algum nisso.
-Sim— continuou ela. —Não
há mal algum para nós, mas para Paratsu tem. É que quando uma bruxa entra para
Paratsu, ela é obrigada a fazer o voto de nunca se interessar por um homem fora
da seita. E quando conheci o seu pai e me apaixonei por ele, acabei quebrando o
voto... —parou para olhar meu pai que também não desgrudava os olhos dela.
-E...?—interroguei.
-E que se uma bruxa
quebra tal voto ela é imediatamente considerada como traidora e com isso esta deve
ser morta o quanto antes. Não só ela, mas como todos com que ela se relacionar.
Pois os segredos da seita não podem transpirar.
-Então, vocês vieram para
cá em busca de guarida?
-Isso —disse Zaya.
-Só por uns tempos... —
completou meu pai.
Não tive escolha.
-Tá, desde que eu não
corra perigo...
-Não se preocupe juro que
nada vai te acontecer. Palavra de pai— falou meu pai erguendo a mão direita
como se estivesse fazendo um juramento.
Acenei a cabeça
concordando falsamente, pois sabia que de uma maneira ou de outra, meu pai
acabaria me pondo em encrencas.
sexta-feira, 7 de junho de 2013
CRÔNICAS DE UM VAMPIRO - 2
2. Família e a galinha
Não tive coragem de voltar ao pub e dar a notícia a aquela pobre
mulher. Apesar de saber que eu ouviria da Marieta, preferi fingir uma dor de
cabeça a enfrentar aqueles olhos esperançosos e suplicantes.
Além de que, quando a delegada da
cidade chegara, o dia começava a nascer. O que quer dizer que eu precisava ir para
minha casa o quanto antes; não voltar para um caixão como muitas pessoas estão
acostumadas a ver em filmes de terror (ainda que os filmes de terror
ultimamente mais nos provocam risos do que medo).
A casa onde morava ficava nos
confins de Peba City, era um bairro de casas antigas, onde a maioria de seus
moradores eram pessoas já um tanto velhas.
Algo me dizia que eu teria uma
grande surpresa quando chegasse em casa. Se o que eu estivesse pensando fosse
realmente verdade eu encontraria o dono do crucifixo que segurava em minhas
mãos na minha casa.
Paro em frente à porta antiga de
madeira toda entalhada com desenhos orientais de dragões e samurais... Ponho a
chave enferrujada na fechadura... A chave entra com tanta facilidade que
percebo que era porque a porta já estava aberta...
Empurro-a...
***
Sou recebido com estas palavras:
—Mano... Quanto tempo! — disse
Ferdinando me abraçando alegremente e me beijando no rosto.
Podia sentir a falsidade de
Ferdinando exalar pelos poros.
Então era verdade...
Olho bem para cara dele.
Meu olhar frio deve ter-lhe causado
algum tipo de reação, pois o sorriso que trazia no rosto, murchou no mesmo
instante.
— O que você quer? —perguntei
raivoso. —E como você me achou? — disse entregando a pequena insígnia de cruz a
ele.
— Ah, isso... — disse ele como se
houvesse encontrado algo sem muita importância.
—Então...?
— Você não acha melhor conversarmos
num lugar onde a luz não interfira,mano?
Realmente, ele estava certo,
faltavam poucos minutos para que o sol surgisse no horizonte.
— Tá. Vamos pro porão...
***
—Comece—digo jogando minha mochila
em cima duma poltrona vermelha. Estávamos no porão, que não parecia bem um
porão.
Bem era um porão...
Mas diria um porão de requinte...
Uma cama com dossel de cerejeira,
sofás de estampa e um tapete perca cobria boa parte do chão. Havia também três
estantes dispostas uma do lado da outro a direita onde se podiam encontrar os
livros de escritores alemães, inglês e brasileiros.
—Que apê maneiro... — disse
Ferdinando sentando-se folgadamente em minha poltrona vermelha como se
estivesse em sua própria casa.
Como não sorri para tentativa
frustrada dele de me conquistar com aquele “elogio”, logo ele começou:
—Não foi culpa minha, sabe...
—começou falando como se fosse mais puro do mundo — Faz dias que eu não me
alimentava, então encontrei com aquele casal... E...
— E decidiu se alimentar do marido,
certo?
— É... Eu queria ter me alimentado
do sangue da moça mais ela fugiu logo... — falou ele como se estivéssemos tendo
a conversa mais prosaica de todas.
— O que você está fazendo aqui? —
perguntei me sentando no sofá estampado com motivos pré-históricos.
Sentava de frente pra ele.
Pude ver quando aqueles olhos azuis
como o céu mudara para um azul escuro como o mar em dia de borrasca.
— Papai me mandou...
— O quê? — perguntei surpreso.
— O velho me mandou vir atrás de
você... —repetiu sem desgrudar os olhos do crucifixo.
—Pra quê?Não tenho mais nenhum laço
com aquele homem... — respondi rispidamente. — O que ele quer?
— Ele quer se reaproximar dos
filhos...
Começo a rir. Não um riso de
alegria.
Um riso de raiva.
Ódio mais precisamente.
— Você só pode estar brincando...
Diz que é uma piada!Uma pegadinha sem graça!
Ele olhou pra mim e eu para ele.
Não; não era uma piada.
—Ele quer que a gente volte a ser
uma família unida como éramos no passado... —eu ia o interromper, mas ele
continuou. — O velho está completamente, mudado...
— Virou vegano? —zombei.
—Não. É que desde que ele conheceu
Zaya ele não é o mesmo vampiro; ele está mudado, muito mudado mesmo...
— E ele quer que eu volte pro Rio Grande do Sul?
—Não.
—Então o que ele quer?
— Ele quer que você o receba, aqui...
Antes que eu pudesse redargüir meus
olhos foram ficando pesados...
Não,
não agora...
Meu coração desacelerou a tal ponto
que minha audição ultra refinada não conseguia ouvi-lo mais... Meus músculos do
corpo foram se enrijecendo, perdendo momentaneamente a vida...
Por fim, meus olhos cerraram-se como
cortinas de um teatro quando se fecha terminado o espetáculo...
Olhei pro velho relógio de pêndulo
perto da escada, já amanhecia...
A morte me abraçava.
***
Quando abri os olhos, sabia que a
noite chegara e a morte havia ido embora.
Estava sentado no mesmo sofá que
horas atrás havia iniciado uma conversa com Ferdinando.
—O seu pai não está pensando em vir para cá ou está? —perguntei chacoalhando-o na poltrona
vermelha o que fez que ele acordasse assustado.
— Isso é jeito de me acordar, mano? — disse ele esfregando as mãos na
cara amarfanhada como se tivesse acabado de levar um balde água fria na
cara. —Sim, tá. Ele vai vir hoje...
—Como ele pôde?
— Ele já deve estar perto.
—Você tem o número dele? — precisava dispensá-lo de algum jeito.
—Não; ele não tem celular...
Havia me esquecido de como aquele
vampiro era tão jurássico.
— A gente vai comer o quê?—perguntou erguendo as sobrancelhas como se
estivesse em um hotel ou resort.
—Tem sangue de vaca, na geladeira.
—minto.
—Eca!Você toma isso? —disse fazendo uma careta de repulsa. —Prefiro sangue fresco e humano...
—Então, se você der licença...
—Toda — rebateu levantando as mãos. Depois começara a subir as escadas
em direção da noite sem estrelas.
***
Quando cheguei ao pub, foi recebido com a seguinte frase:
—Onde você se meteu ontem à noite?
Perguntava Marieta, como um corvo velho.
Usava um vestidinho preto com um casaco de mesma cor por cima.
—Casa? —digo irônico.
—Mas o seu expediente...
Antes que ela pudesse continuar a
ladainha fui salvo por Amanda que me chamava.
—Obrigado...
—De nada... Agora comece a lavar os
pratos.
Havia uma pilha imensa de pratos
sujos em cima da pia de alumínio. Eu havia pensado que o pub não tinha sido aberto, mas pelo visto tinha me enganado.
—Vocês tiveram de continuar ontem? —
pergunto virando o rosto para Amanda que frigia hambúrgueres na chapa.
—Onde você esteve? — interrogou.
Tive de pensar rápido.
—É que minha família chegou, então
sabe como que é né?
—Ah, sei não... Não tenho família...
—disse ela num tom soturno.
—Como foi aqui ontem?
Ela suspirou balançando a cabeça
rosa e disse:
—Um inferno!Imagine dois
funcionários tendo de dar conta de várias mesas e ainda por cima ter de
agüentar aquela voz de taquara rachada da Marieta em seus ouvidos, dizendo o
que você tem que fazer e como deve ser feito.
Por um breve momento eu me peguei
imaginando a cena: Leonardo como garçom tendo de se dividir em várias mesas,
com a mulher-corvo atrás dele, bicando e crocitando para ele ser mais rápido e
Amanda sendo vez em quando pressionada por Marieta para fritar hambúrgueres mais
depressa.
Ainda bem que havia escapado...
—E aquela mulher?
—Nossa você precisava como Marieta a
tratava. Ela falava: “Se você for ficar aqui querida, peça pelo menos uma água
mineral!” A pobre da moça teve de pedir a água ou ela teria sido expulsa por Marieta.
—E como ela ficou quando soube da
morte...?
—Primeiro chorou e logo depois
estrebuchou para dizer: “Não vou descansar enquanto não encontrar o desgraçado
do assassino do meu marido!”
—Caramba...
Naquele dia teve muito movimento.
Talvez fosse pelo fato de que a mulher que teve o marido assassinado esteve ali
e com isso todos queriam saber de alguma coisa. Algum fato novo que o
fofoqueiro da cidade esquecera-se de lhes contar.
Marieta estava adorando aquilo.
—É hoje que superfaturamos! —falava
esfregando as mãos.
Muitas vezes quando fui entregar os
pratos nas mesas os clientes me perguntavam: “Você soube de alguma coisa?” ou:
“Foi você que o encontrou?” ou ainda: “Ele traía ela e a amante recalcada veio
e o matou?”
Uma hipótese mais absurda do que a outra.
Assim que o fluxo de movimento havia
diminuído eu voltei para cozinha para começar a lavar os pratos sujos. Amanda
falava ao telefone quando o Leonardo entrara me dizendo:
-O seu pai tá te chamando... —disse
ele entre risos.
-Oi?—perguntei pensando ter me
enganado com o que eu acabara de ter ouvido.
Não,
ali não...
-O seu pai tá na mesa sete. Ele quer
falar com você... —repetiu ainda rindo.
-Por que você está
rindo?—interroguei conforme nos dirigimos para as mesas.
-Olhe... —falou Leonardo apontando
na direção da Marieta.
Olhei.
Marieta de cócoras bicava o chão com
o nariz e batia os braços no ar como se fosse uma galinha. Inclusive,
cacarejava feito uma.
Eu teria rido. Teria mesmo.
Se não soubesse quem transformara minha chefa
numa galinha.
- Aqui filho! –o ouço gritar da mesa
sete.
Avisto meu pai, meus irmãos e a suposta
nova namorada dele.
Acena para mim com um sorriso no
rosto enquanto Marieta cacarejava, em busca de milho.
CONTINUA
quinta-feira, 23 de maio de 2013
CRÔNICAS DE UM VAMPIRO — 1
1. Sobre vampiros e um cadáver.
Aquilo tudo era muito novo para que eu conseguisse assimilar duma vez só. Nem que eu conseguisse viver mais uma centena de anos — o que eu acho que conseguiria—não me acostumaria com tamanha modernidade em que humanos vem avançando.
E vejam que em outubro deste ano completarei cem anos de existência.
Olhei duas vezes para rua para ver se vinha algum carro. Embora se um carro conseguisse me atropelar, o prejuízo seria totalmente dele já que dentre em instantes, meu corpo se regeneraria.
Atravesso a rua.
A vida de um vampiro é igualmente comparável a de um humano. Isto é, ambas tem os prós e os contras. Mesmo sendo imortal nós, vampiros, corremos o risco de morte. Basta sair num da quente de verão para que logo comecemos ter a pelo completamente hidratada. Se um vampiro ficar durante um longo período de tempo exposto ao sol, este entra imediatamente em combustão.
Viro a esquina à direita.
O que eu não estava acostumado mesmo era essa veneração em que a mídia vem nos pondo (vampiros).
Primeiro veio Bram Stoker com aquela a sua visão medieval dos vampiros; Anne Rice em seguida com a sua aproximada versão do "mito do vampiro" e por fim Stephenie Meyer com a sua versão um tanto diabética dos vampiros, que a meu era romanesca demais.
Olho em meu relógio.
Tinha que chegar ao bar ás nove da noite.
Quem pensa que vampiro não paga as contas está muito enganado. Levamos uma vida tão normal quanto à de qualquer outro ser humano.
O Lar do Diabo era um pequeno pub localizado no centro do distrito de Peba City. Era um lugarzinho muito badalado considerado "Cult", pelos cidadãos que ali viviam, apesar de que alguns desses cidadãos serem caipiras e não saberem o real significado da palavra, usando-o pedantemente.
— E aí, Gaé... — cumprimenta Leonardo me jogando um avental preto. Ele sempre apelidara como se eu fosse um irmão dele um parente próximo. —Que bom que você chegou... A macaca está solta...
—Você está atrasado, senhor Gael — disse a macaca (minha chefe). Marieta era mulher que beirava os quarenta e cinco anos, porém, o humor rabugento que tinha deixava-a com cinquenta anos. Cabelos platinados, maquilagem escura e piercing no nariz, ela era totalmente careta.
Checo novamente meu relógio.
Não; não estava.
Antes mesmo que eu pudesse contra-argumentar:
— Vamos, você tem pratos sujos pra lavar— diz ela apontando com os braços, para porta de vaivém vermelha que dava para cozinha.
Suspirei desanimado indo na direção dos pratos imundos.
Se fossem algumas décadas atrás, a essa altura, Marieta estaria sem a cabeça...
***
Se eu fosse um daqueles vampiros selvagens, cujos deixam o instinto tomar de conta de seus corpos, simplesmente sairia atacando os humanos a minha frente. Pularia em cima da pessoa e fixava os dentes em sua jugular.Como não era de fazer esse tipo, me contentava apenas em receber ordens e lavar pratos. Alguns vampiros me chamariam de acomodado; outros de preguiçoso. Eu me consideraria esperto.
A cozinha era uma caixa retangular de sapato toda em azulejo branco e asséptico com uma luz branca, fria. Meu escritório baseava-se a uma pia com uma pequena mangueira de alumínio da onde saia um jato de água quente, qual eu regulava a quantidade de água expelida.
Outra modernidade humana...
Ah, não podia me esquecer! Tinha ali, uma secretária. A cozinheira, a grande cozinheira Amanda!
Uma garota balofa de cabelos rosa cortados em channel, qual usava no nariz de batata um piercing.
—Amanda... — digo quando a vejo entrar toda esbaforida— como vai?
—Mal— respondeu Amanda em seu mau humor recorrente. —A macaca está solta aqui hoje, hein...
— Normal...
— Se eu tivesse um pouco mais de dinheiro, compraria a bosta desse lugar. E a primeira coisa como dona, seria por no olho da rua a vaca da Marieta...
—Seria demais— concordo rindo.
— VAMOS LOGO COM ISSO!PAREM DE JOGAR CONVERSA FORA E TRABALHEM MAIS!! — gritara Marieta.
O que fez Amanda desferir um dedo do meio em direção a porta...
***
—Toma— disse Amanda me entregando uma bandeja redonda de alumínio escovado com dois hambúrgueres e um copo imenso de coca-cola light.Outra coisa que eu não conseguia entender no avanço humano.
Uma bebida com menos calorias, só que numa quantidade exorbitante!
O pub começava a encher, criando vida.
Procurei para mesa doze.
Uma das últimas mesas, que ficavam perto do pequeno palco, onde às vezes, alguns grupos de rock alternativo vinham se apresentar.
— E aí Gael? — disse Paulo o velho caminhoneiro da cidade — Como vai indo?
Como eu ia indo?
— Muito bem e você? — perguntei fingindo interesse em sua vida sem graça.
E antes que ele conseguisse juntar as palavras para me responder, uma mulher irrompe pub adentro arquejando desesperada.
—O que foi? — pergunto, segurando-a antes que ela caísse desmaiada no chão.
***
—Espero que ela não esteja morta, pois senão descontarei em seu salário Gael... — disse a orangotango chefe atrás de mim. Como se eu tivesse culpa de ela ter tombado desmaiada em meus braços.Além dela estavam atrás de mim: Amanda, Leonardo e Paulo que olhava de mim para mulher com uma cara de parvo.
— Ela não está morta... — anuncio ouvindo o pequeno e frágil coração dela bater na caixa torácica. —Ela apenas desmaiou...
Pego um chumaço de algodão e o mergulho num pouco de álcool; por fim, passo-o suavemente perto do nariz da desmaiada.
Tão logo ela recobrou a consciência falando:
— Preciso de ajuda... Meu marido, ele foi... ele foi atacado por um animal...um monstro... —ela repetia aquilo desesperadamente, com os olhos arregaladíssimos, como se o monstro estivesse ali, na sua frente.
— Onde ele está? — perguntou Amanda aproximando-se, de repente, da mesa sob onde a mulher estava deitada.
—Na floresta... Nós tínhamos ido acampar... Íamos comemorar nosso aniversário de casamento... Foi então que um animal enorme veio e atacou Filipe...
Aquilo era muito estranho, pois em Peba City quase nunca havia mortes, a não ser por morte natural de velhos.
— Querida, mas que ideia de jerico também, né? —começou Marieta metendo o bedelho. — Comemorar o aniversário de casamento no meio duma floresta... —disse para depois se afastar.
A mulher começou a chorar.
— Não liga não, ela é louca assim mesmo... — diz Amanda numa tentativa de acalmar a moça, exercitando o seu show de Stand-up comedy.
—Ei, você e você venham comigo, vamos buscar o marido dela— disse Filipe apontando para mim e Leonardo. —Ou que sobrou dele...
Antes que a porta do pub pudesse fechar atrás de minhas costas pude ouvir Marieta gritar:
— Aonde eles vão?Vou descontar do salário deles!
E Leonardo dizer:
— Merda!Podia ter ficado em casa hoje...
E por um momento fiquei pensando se eles iriam procurar por mim caso um dia eu desaparecesse de repente.
***
A velha picape de Filipe estacionara bem perto da entrada da floresta.
O céu estava sem estrelas e lua. Sabia que a busca do marido da Rosangela (eis o nome dela) seria uma tarefa árdua, já que com apenas duas lanternas se tornava quase impossível fazer uma busca. Se começássemos a fazê-lo seria uma verdadeira busca a uma agulha no palheiro.— Bom, eles devem ter acampado naquela clareira onde se montas barracas — disse Filipe— melhor ficarmos juntos, pois será fácil, fácil nos perdemos nessa floresta...
Olhei para mata fechada a minha frente.
Sim, para humano seria fácil, fácil.
Adentramos na floresta e seguimos por uma trilha muito usada por aventureiros. Uma trilha estreita e íngreme que com qualquer deslize levaria uma pessoa desatenta ao chão.
Eu e Filipe carregávamos as lanternas, enquanto Leonardo ficava entre nós como uma criança obediente que num piscar de olhos poderia ser perder a qualquer instante.
Uivos podiam ser ouvidos não muito distante. O barulho incessante dos grilos eram os ponteiros do relógio da mãe natureza.
Os batimentos de ambos os meus parceiros aceleravam a cada passo dado à frente.
Um cheiro além, das folhas daquelas árvores, rescendiam no ar... Um cheiro que não me era desconhecido... Cheiro que excitava cada vez minhas narinas e fazia minha boca salivar...
Sangue...
Era quase impossível, ignorar aquele aroma ferruginoso ventilando pelo ar...
***
Depois de caminharmos um bocado de tempo nós nos deparamos como uma bifurcação.
— E agora? — perguntou Filipe coçando a careca— Por aonde a gente vai?Eu não me lembro qual era o caminho, faz tanto tempo desde que eu não venho aqui... Desde que Eliza morreu... — disse ele numa voz emocionada por uns instantes olhando para o horizonte em busca de memórias passadas.Eu sabia por onde.
Ele me chamava; o sangue.
— Que tal fazermos o seguinte: eu vou pela esquerda e vocês vão pela direita?Se algum de nós o encontrarmos primeiro ligamos uns para os outros.
Eles concordaram seguindo em direção do outro caminho; sigo pela direita.
Corria feito uma besta selvagem. O cheiro de sangue atiçara em mim esse instinto animalesco, selvagem; instinto esse que há muito tempo não utilizava. Os galhos de arbustos e árvores menores batiam em meu rosto, o junco de folhas secas embaixo de meus pés era triturado com ruídos.
Quanto mais eu fui avançado mais pude ver a minha frente surgir um ponto tênue de luz que depois fora se tornando cada vez mais forte.
Era uma fogueira.
Ou o que restara dela.
As brasas duma fogueira estavam acesas no centro duma clareira ladeada por uma barraca de acampamento rosa.
O local estava uma verdadeira mixórdia. Cadeiras de plásticos jogadas de pernas pro ar, caixa de isopor totalmente despedaçada, cobertores feitos em retalhos espalhados pelo chão e dentre outras coisas mais que não dava para atentar direito, porque eu estava preocupado em outra coisa.
O cheiro de sangue estava próximo...
Ele praticamente boxeava meu nariz para eu segui-lo.
Foi quando encontrei o cadáver no chão.
***
O corpo estava afogado numa poça feita de seu próprio sangue. Tinha no rosto uma carranca de dor e medo. O cheiro de sangue que vazava daquele corpo estava me deixando louco...
Por pouco não cai em cima dele, sugando-lhe o que sobrara de sangue.Todavia, me contive, pois havia algo, um objeto reluzente, caído ao seu lado. Além de que, consegui me lembrar da promessa que havia feito para mim mesmo.
Era uma insígnia, uma pequena cruz de ferro pintada de vermelho, cortado por um xis...
Não, aquilo não...
Procurei ao meu redor pelo dono daquele objeto que eu conhecia tão bem.
Nada...
Ele havia desaparecido... Como era de se esperar.
Pego do meu celular e ligo para Leonardo.
— Encontrei o corpo...
Ele havia desaparecido... Como era de se esperar.
Pego do meu celular e ligo para Leonardo.
— Encontrei o corpo...
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