domingo, 23 de dezembro de 2012

O ANJO CAÍDO (1ª Temp.) Cap.9





9.Do sacrifício e da volta de Lúcifer.
 Quando reabro os olhos (que havia fechado, por um momento achando, que vivia um pesadelo que se tornara real) percebi que havia algo de diferente.
Talvez fossem aquelas linhas de aflição que se desenharam no cenho de Belzebu que conversava baixinho com um de seus capachos a frente da lareira, dando ao grande salão um sinistro espetáculo de sombras. Logo, após do empregado deixar seu chefe, por curiosidade Rubie se aproxima dele. Ele lhe despeja algumas palavras no ouvido, que me lhe eram completamente inteligíveis.
Mas percebi algo de tenso nos dois. Rubie aproxima-se do anjo e permaneci ao lado dele como um cão fiel fica a espera da chegada de seu dono. E quanto ao Belzebu ele se aproximara de mim dizendo-me o seguinte:
 --Bom, teremos de acelerar um pouco as coisas Rúbia... Há um séquito de arcanjos aí fora, se aproximando a cada segundo... Apesar de que eu creio que eles não conseguirão passar pela muralha de condenados...
--Se eu fosse você não teria tanta certeza assim... Arcanjos são os seres mais fortes que existem...
Após de dizer esta palavra ele desfere uma bofetada em meu roto. Meu corpo todo treme de raiva. Pude sentir minha cabeça avermelhando e esquentando ao mesmo tempo como se fosse um verdadeiro termômetro posto em brasa.
Ele me segura pelo rosto com uma de suas manzorras de gigante. E diz:
--Nada irá estragar meus planos...
Senti o seu bafo de enxofre. Bafejava ódio puríssimo.
Para irritá-lo, ainda mais, digo:
--Sinto lhe dizer que esse seu planinho de unir com Rubie não vai dar certo... Vocês serão mortos pelos arcanjos...
--E você morrerá agora... —disse ele erguendo-se.
No mesmo instante, os braços que me prendiam soltam-me retornando aos ao chão. Eles produziam um som oco de ossos em atrito.
Levanto-me do chão.
Vejo Belzebu se aproximando com as suas botas de couro pretas ruidosas arranhando o assoalho negro. Brincava de ficar jogando a adaga de uma mão para outra. Qual reluzia com a escassa luz vinda da lareira. Os pequeninos rubis ali incrustados pareciam olhos lustrosos de aranhas famintas, prontas para atacar.
Estava ferrada.
                                  ***
Eles surgiam de todas as partes e lugares. Primeiro vimos nascer seus braços, cabeças até que seus corpos caindo aos pedaços houvesse deixando totalmente o chão. Caminhavam vagarosamente grunhindo através daquelas bocas murchas que lhe fazia companhia com os olhos em covas e o nariz em fenda.
O pior de tudo era aquele cheiro de carne podre vindo deles. Era um cheiro de remexer pó estomago. Até mesmo para nós que éramos arcanjos.
Nossas espadas reluziam em reação e em alerta de perigo próximo. Empunhávamos as espadas, preparados, para atacar a qualquer momento. Eu havia ordenado que quem fosse o primeiro a atacar seria Uriel.
Uriel tão prontamente distende suas asas e parte na direção de um grupo de condenados que se formava. Sobrevoando o grupo de condenados ele decidi uma investida com sua espada. Golpeava forte e insistentemente algumas das criaturas infernais. Quais eram imediatamente dilaceradas pela espada respingando sangue nas paredes. Uriel lutava com total brutaleza de um arcanjo em guerra.
Em poucos minutos aquele bando não existia mais. Porém, aquelas criaturas retornavam como se não houvessem sofrido nenhum golpe.
--Rafael, não há um meio de acabar com eles de uma vez por todas?—interrogo meu irmão que estava ao meu lado.
--Sim. Há. Lembra-se daquela batalha depois que Lúcifer caíra?Na qual enfrentamos tais tipos de criaturas? E quase perdemos?
--Sim, lembro-me... —disse eu recordando.
--Pois, então para não sermos aniquilados usamos uma espécie encantamento. Mas para realizá-lo precisamos atraí-los para um lugar aberto... —explicou ele.
Chamo por Uriel que suava as bicas. E explico o plano a eles:
-- Rafael, disse que para derrotamos eles será preciso um lugar vasto, então para isso os atrairemos lá pra fora, no jardim.
Encabeço o grupo que me seguia atrás. Voamos a toda velocidade. Olhos por cima de meus ombros e vejo aquela massa lenta e malcheirosa que marchava em nossa direção.
Atravessamos a porta e nos dirigimos ao jardim. Nossas asas ruflavam bravamente mantendo-nos acima do solo. Formávamos um círculo.
As criaturas desembestadas saíram aos montes em nossa busca. Em instantes o jardim estava forrado por aqueles seres do inferno. Urravam desesperadamente, golpeando o ara embalde, pois a distancia em que estávamos, era impossível nos atingir.
--E agora Rafael?—pergunto querendo saber qual seria o nosso próximo passo.
-- ERGAM, IRMÃOS, VOSSAS ESPADAS AO CÉU— brada ele, fazendo com que todos, inclusive eu bradasse a espada em direção ao firmamento escuro cheio de nuvens—E REPITAM O QUE EU DIZER E AJAM COMO EU AGIR...
O céu começou a escurecer. O vento soprava violentamente.
                               ***
Uma mulher de nome Rubie estava ao meu lado. Vez em quando eu a fitava. E ela também o fazia. Tinha os olhos brilhantes que chamejavam de contentamento. Ela olhava na direção da outra que me seqüestrara (eu tinha certeza disso) com um jubilo contido.
Tinha estampado na cara o prazer de ver a outra agonizar.
De repente, a concha começa a vibrar desesperadamente em meu bolso.  
Algo estava prestes a acontecer. Algo de que eu não iria gostar nadinha.
                                     ***
--Vamos, coragem Rúbia! Prometo que não será doloroso!—diz Belzebu agora a poucos metros de distância de mim. Me levanto , mas logo sou atingida por um rojo amarronzado que me faz dobrar de joelhos.Sentia uma dor insuportável. Meu corpo todo parecia ter tomado uma gigantesca descarga elétrica. Cada músculo meu parecia dormia não me obedecendo.
Não conseguia me mover. Estava virada de borco. Meu rosto sentia frieza daquele piso de mármore insensível.
--Onde você pensa que vai?—pergunta o desgraçado. Que faz um gesto de mão, murmurando-me uma palavra ininteligível.
Sou erguida do chão. Meu corpo rodopia, deixando-me avistar o teto do grande salão. Estava envolvida por uma aura amarela que fazia meu corpo todo formigar. Porém, minha levitação não dura durante muito tempo, pois logo sou devolvida a laje negra.
Eu e ele agora estávamos de frente. O carrasco e sua vitima. Rúbia e Belzebu. Uma reles demônio e o príncipe do inferno.
Não havia mais como lutar, não havia mais como resistir. Procuro erguer meus olhos na direção onde Rubie se encontrava, plantada ao lado do filhote anjo. Ela trazia nos olhos um sorriso de euforia.
Como fui tola... Nunca se deve acreditar na palavra de um demônio.
-- DESGRAÇADOSSSSSSSSSSSSSSS!!!!!!!!!—é o que eu digo a eles. Nesse exato momento Belzebu, com uma fúria animalesca pula em cima de mim furando meu peito com a adaga do inferno.
Quando a lâmina penetrou minha carne tive a sensação de que ela quebrara meu corpo em vários pedaços como um cristal que acabasse de cair no chão. Estava sendo completamente fragmentada.
 Sentia o sangue humano quente vazando do meu corpo. A última coisa que vi, quando minhas vistas se apagavam, foi à cara de contentamento de Belzebu ao retirar a adaga de meu peito. Logo em seguida, minha audição ouvia-o ao longe pronunciar algumas palavras...
                                 ***
--CASTIGARE MORTUS INFERNU!!!—gritamos em uníssono com as espadas hasteadas na direção do firmamento. Era como se estivéssemos tendo um flashback de outros tempos.
O que acontecera logo após era quase que indescritível. O céu de repente é tomado por claridade fortíssima. O céu parecia desabar em nossas cabeças quando um raio gigantesco de cor azul corisca em direção de nossas espadas. O raio se partiu em seis outros fios de eletricidade atingindo em cheio nossas armas, que começam zumbiam com tal quantidade de energia. Elas luziam um azul claro.
--AGORA APONTEM NA DIREÇÃO DOS CONDENADOS!—ordena Rafael. E sem pensar apontamos na direção deles. Que vão sendo eliminados um por um por um pela aquela enorme descarga elétrica. Eles queimavam deixando no ar um cheiro horripilante. Quando atingidos eles eram levantados do chão e no ar eram atingidos pelo raio que o faziam em pó.
Em pouco tempo já havíamos nos livrado daquelas criaturas. O lugar estava totalmente limpo e livre de quaisquer condenados.
                                ***
--Onde estou?—pergunto como se alguém pudesse me responder naquele corredor escuro e ermo.
Estava na frente duma gigantesca porta de mogno. Havia bem no meio dela uma maçaneta feita de ouro muitíssimo reluzente. Será que eu estava morta?
Não, com certeza não estava... Pois eu podia ouvir uma voz:
“... Venha, filha das trevas
chegara o momento de  abrir a porta ao seu pai
venha, abra-a...”
Era uma voz sussurrante e insidiosa. Algo me dizia para não abri-la, contudo havia alguma coisa naquela voz que me arrastava na direção da maçaneta.
Quando dou por mim, minhas mãos estavam retorcendo a maçaneta. Que começou a esquentar bruscamente, até tal ponto que minha mão começou a queimar. Tentava retirá-la, mas não a conseguia, pois ela parecia grudada. Minha mão parecia que ia derreter-se quando a porta abre-se.
A voz tornara-se mais forte.
Uma intensa luz alaranjada sai de dentro dela. E de repente sou tragada para dentro daquele mar de luz. Meu corpo todo começou queimar.
 
CONTINUA


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