sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

O ANJO CAÍDO (1ª Temp.) Cap.7


                          7. Quando o pacto é quebrado.
--Isso é inconseqüência sua Miguel!—diz-me Rafael, meu irmão. Olho nos olhos de meus outros irmãos que também estavam ali e concluo que compartilhavam da mesma opinião da de Rafael. Mas eles queriam que eu fizesse o que? Matasse meu próprio filho? Isso eu nunca faria, mas de forma alguma. Apesar de temer meu Pai, não podia agir de tal forma. Isso iria contra meus princípios, ia contra o meu coração de pai.
--Eu não tive culpa... Yzael é... Yzael é meu filho... —digo.
--Como assim não teve culpa?Você deixara aquele filhote de arcanjo com humano ser pego por demônios! E isso não é ter culpa?E o pior de tudo foi você ser exorcizado por um demônio?!Um demônio enganara um arcanjo!—disse-me ele com a voz cheia de rancor. Em certos aspectos ele tinha razão. Eu poderia ter evitado tudo, porém, se eu houvesse matado Yzael, com certeza, me jogaria na primeira lança celestial que visse a minha frente.
Não agüentaria viver sabendo que matara um filho. Um ser que eu criara com amor e muito carinho. Uma pena a mãe dele não estará viva, pois se ela vivesse talvez Yzael não tivesse chegado aos extremos.
Olho para grade do grande portão dourado a minha frente. O lugar tinha uma aparência bastante mórbida, com aquela noite sem luar ou estrelas. Parecia que algo estava prestes a acontecer. Podia sentir isso, também no ar. Uma brisa morna, no entanto, cortante circulava deixando nossos cabelos revoltos. Algo aconteceria àquela noite. E não seria nada muito bom. Havia alguma coisa dentro de mim que me alertava.
--O que vamos fazer agora Rafael?
--Teremos de quebrar os selos que foram impostos ao redor da mansão. Essa parte será fácil de ser realizada, contudo, assim que adentrarmos o lugar teremos de ter muito cuidado. Há armadilhas por todos os lados como se fosse um genuíno campo minado.
Relanceio meu olhar para além da grade, para onde meu filho Yzael estava encerrado.
Tinha que fazer alguma coisa. Tinha de salvar meu filho.
                                   ***
Estava sentado no chão. Era inútil lutar.
Aquelas mãos eram invencíveis. Incansáveis. A concha dentro de meu bolso vibrava brandamente. Era como se ela tivesse criado vida própria.
A única coisa que podia fazer era assistir a tudo de camarote.
                                     ***
Assim que atravessávamos a uma grande e pesadíssima porta de madeira, para adentrar num salão de teto abobadado, no qual havia uma lareira que crepitava fervorosamente, Belzebu pergunta:
--É, esta Rubie?
Minha parceira não nenhuma palavra, apenas gesticulou com a cabeça em sinal afirmatório. Olho pra cara dela. Como se estivesse a perguntar com o olhar: O que ele quis dizer com isso?Se meus olhos fossem dotados dum poder de fulminação imediata, com certeza, a essa altura Rubie teria voltado pro inferno. Mas como não o possuísse eu me contentara em dar-lhe uma cotovelada na boca do estomago. Fora muito prazeroso vê-la fazer uma careta de dor.
--Por que você fez isso?—me pergunta ela, segurando o ventre com as duas mãos igual a uma mulher grávida que estava prestes a parir.
--Porque sim— respondo.
--Ei, garotas! Não briguem por mim, há Belzebu para as duas!—diz um dos príncipes do inferno, num tom de comediante decadente. Movo a cabeça mirando em vários lugares.
Estávamos num grande salão na onde havia móveis antigos, empoeirados e que cheiravam a mofo reunido a um canto da grande sala. A iluminação do lugar provinha duma lareira sibilante, atrás do trono em que se sentava Belzebu. Olhando atentamente para cadeira negra em que o príncipe das trevas se assentava pude perceber que em toda a estrutura do assento era lavrada por carrancas humanas em sofrimento, dor e agonia. Literalmente era algo muito infernal.
Viro parcialmente minha cabeça para trás. Ah, sim. Ali, estava o anjo. Estava abatido, taciturno. Parecia uma pomba que acabara de se ferir num espinheiro.
Solto um muxoxo.
Tanto trabalho para absolutamente nada. Tinha o claro desejo de voar em cima de Belzebu e estapeá-lo até a morte.
--Então, o que viemos fazer aqui?—por fim pergunto. Aquela história de segredos já estava me irritando!Boa coisa não era. Aquela história que me contara Rubie não me descera, não consegui digeri-la. Aquela narrativa estava me saindo muito estapafúrdia.
-- Rubie não lhe contara?—pergunta Belzebu.
-- A história que vocês vão se casar e que seremos promovidas de cargo no inferno?—respondo com outra pergunta.
--Isso. Mas há algo que ela não lhe contara, obviamente— afirma ele olhando pra Rubie que estava ao meu lado e não expressara nenhuma reação. 
-- E o que é então?Qual a parte que ela não me contara?—nesse momento pude sentir uma atmosfera tensa formar-se ao redor de minha companheira demônio. Ela tinha a face rígida como se estivesse quero conter algo que estivesse prestes a se libertar.
--Não... Belzebu deixe que eu... —disse ela num tom de voz súplice.
-Não! Deixe que eu conto... —responde Belzebu enérgico. Ele levanta-se do trono, em que estava sentado, e dirige-se a minha direção. Dou uma olhada em Rubie, que se afastara de mim, com a cabeça baixa, que pendia de culpa.
-- É o seguinte: assim, que trouxe Rubie juntamente com o filhote de anjo, propus a ela que unisse forças comigo. Prometi que seria minha princesa e com isso seria promovida de cargo no inferno. No início ela rejeitara um pouco a ideia dizendo que tinha um pacto a zelar, feito entre vocês duas, porém logo a ganância de demônio toca-lhe seu coração e...
--Mas espere aí. Ela não pode passar assim pro seu lado, ela tem um pacto comigo... —digo contrariado olhando de esguelha pra Rubie.
--Eu sei disso. E por isso, como príncipe das trevas, quebrei vosso pacto. Isso quer dizer que ela não tem mais nenhuma pendência contigo. Que pode passar pro meu lado— aquelas palavras me atingiram a face como s uma colméia raivosa me atacasse. O quê? Rubie me traíra? Bem, quanto à traição, isso não me pegara de surpresa, sabia que mais cedo ou mais tarde ela ocorreria, mas não dessa forma tão repentina e vil.
--E o que eu tenho haver com isso?
-- É que você faz parte do nosso pacto... —diz ele com ar de quem faz pouco caso do assunto e sinalizando com a mão a união dele com minha ex-parceira.
O quê? Como assim?
Nesse momento dois capachos de Belzebu se aproximam de mim me soerguendo pelos seus braços de ferros. Me Carregavam para perto da lareira. Busco os olhos de Rubie que me diz:
--Rúbia, desculpe, mas não é nada pessoal... —diz sorrindo.
O que eles iriam fazer comigo?Sempre soube que não podia confiar em Rubie!
                           ***
--Rafael, todos os selos foram destruídos. Podemos entrar agora—anuncia Uriel meu ir mão de cabelos negros e encaracolados e de olhos verdes folha.
Olho pro portão que se abre imediatamente.
Yzael, meu filho, seu já está indo.
 
CONTINUA
 



 

2 comentários:

  1. Nossa, cada vez melhor, não perco um!

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  2. Uma luta? Essa coisa de Anjos X Demônios sempre me deixa animado. Rsrsrs

    Enviei um e-mail para vc respondendo as suas pergutas sobre a série. Me diga o queque acha :D

    planetavx.blogspot.com

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